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terça-feira, 27 de junho de 2023

Um estilo que tem história...


 

RESPEITE A IDENTIDADE CULTURAL DO ROCK/METAL.


 

O Rock e todos os seus subgêneros se dançam sim!!!!!

 O início da dança Rock, uma das bases da dança Rock & Metal – FDRS®️ da contemporaneidade.

Com tantos estereótipos em torno do Rock ‘n Roll, o público que curte a sagrada tríade musical – guitarra, baixo e bateria – dificilmente é reconhecido por suas habilidades na dança. Isso por que muitos ainda acreditam que “Rock não se dança” ou, ao menos, que não há uma dança específica para esse gênero e suas vertentes. Para desconstruir esse mito, vamos voltar no tempo e contextualizar historicamente o Jive Rock, o Rockabilly... Tipos de dança que surgiram nos anos 50 e até hoje conquistam e influenciam o coração e esqueleto dos “roqueiros”, e fazem parte da dança rock atual.

O nascimento de uma dança “Rock ‘n Roll”

Na década de 50, as Swing Dances, como o Lindy Hop e o Jitterbug, mantiveram seus nomes de referência (já que suas raízes datam as décadas 20 e 30), andando na contramão da tendência que buscava generalizá-las, utilizando-se do termo Rock ‘N Roll, que na verdade se tratava apenas do estilo musical. Os professores e desenvolvedores de Swing Dances vislumbraram essas danças sendo utilizadas em outros estilos musicais e propostas, por isso a resistência aos estereótipos e mudanças de nome. No entanto, apesar das confusões e adaptações, uma nova dança surgia em paralelo na cena rock, pra variar, e estava buscando uma denominação. Inicialmente foi desenvolvida e nomeada como Lindy Hop, East Coast Swing, West Coast Swing e Jitterbug. É possível conferir essas referências em diversos filmes da época, como “Ao Balanço das Horas” (1956); “Ritmo Alucinante” (1956); “Mocidade Indomável” (1957); “Carnival Rock” (1957) e “Rock, Rock, Rock” (1957).

A “dança Rock ‘N Roll” inicial é caracterizada por ser uma Swing Dance e é diferenciada por outros nomes, entre eles: Ceroc, Leroc, Jive, Rockabilly, etc. O Jive, por sua vez, é uma dança que alcançou sua popularidade a partir de 1940, concebida durante o período da Segunda Guerra Mundial. Ela traz em sua essência as Swing Dances dos americanos, ligadas ao Jitterbug e ao West Coast Swing, que acabaram desenvolvendo uma mescla entre as danças e reinventando de uma maneira totalmente diferente às propostas iniciais destes estilos. O que fez com que os europeus adotassem o termo American Jive, para nomear de forma oposta ao termo instaurado previamente como Jitterbug-Jive.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a dança desenvolvida passou a se chamar apenas Jive, com referência das Swing dances, principalmente do Boogie Woogie. Que, por sua vez, foi desenvolvido a partir dos anos 80 como Modern Jive e ganhando contornos do que é o West Coast Swing, nos dias de hoje.

O Jive não morreu e acabou ganhando novos adaptações admiradores dos estilos musicais da década de 50 ligados ao Rockabilly, Rock N Roll, Rhythm & Blues, Doo Wop, etc. Mas afinal, o que foi dançado  por aqui na América Latina e no mundo? Depois que o Jive chegou ao Brasil, incorporou também passos de outras danças, principalmente as latinas, o que o fez perder um pouco da forma tipicamente “americana”. Sem contar que vem se transformando a cada dia mais com a popularização do estilo na própria cena do rock. Conhecida comumente como “Rockabilly” por certo comodismo dos interessados, remete ao termo utilizado para descrever o estilo musical que surgiu do encontro do hillbilly com o rhythm & blues nos anos 50 e é considerado um subgênero do Rock ‘N Roll. A eterna confusão entre rockabilly e jive. Chamado por também de Jive Rock, a dança é caracterizada principalmente pela energia, criatividade e giros rápidos do casal que colocam em prática a variedade de passos que cada música permite desenvolver em seu mais profundo processo de dinamismo e interação. O nascimento de diversos subgêneros depois dos anos 60/70 no mundo, também trouxeram muitas adaptações no que se conhece como dança rock, pois as cenas, os nichos desses subgêneros como o metal, o dark, o grunge...E muitos outros, reinventaram e inventaram novas formas de dançar e se expressar corporalmente e se desprenderam da dança de casal. Uma das questões que levou ao desenvolvimento do Rock & Metal dance através de pesquisas dessas “novas “manifestações na cultura rock.

Antes de mais nada, é importante esclarecer sobre o estilo de dança em questão. O rock, na verdade, abrange vários tipos de danças.

Dançar o rock dos anos 40-50-60 e até hoje, vai além do que mexer o seu corpo conforme a música. É também cultura, história e até um estilo de se vestir! Mas quando e como essa dança apareceu?

Entre 1920 e 1930, após o surgimento do jazz e depois de ele se tornar uma música popular norte-americana, as pessoas começaram a incorporar outros estilos, usando como base o Charleston e o Break Away. Isso passa a formar a dança própria do jazz das big bands. Na década de 1950, uma nova dança surgia em paralelo e estava buscando uma denominação. Inicialmente foi desenvolvida e nomeada como Lindy Hop, East Coast Swing, West Coast Swing e Jitterbug. Foi nessa época que música e moda unida ao rock se fundiram e criaram um novo estilo: o rockabilly. O rockabilly vem do jive, e o jive vem do Lindy Hop. O conceito nasceu da união das palavras rock e hillbily, que era como as pessoas se referiam à música country na época. Ou seja, os nichos da época as cenas e sua moda criaram o que se entidia como dança rock da época.

Hoje, podemos diferenciar basicamente dois estilos de dança rock n'roll, dessas décadas, que foram consideradas o início, e que são confundidos com frequência, resumindo:

Jive rock: É uma dança latina animada e rápida. Nos Estados Unidos, ela foi popularizada na década de 1940 por jovens que adotaram os seus passos de modo a se identificarem com o som do rock'n'roll. OJive rock é uma mistura de rock, boogie woogie e swing afro-americano nascida nos anos 40. É uma dança muito rápida. É necessário um alto grau de preparo físico! Para se ter uma ideia, o Lindy Hop tradicional, por exemplo, é dançado em 6 e 8 tempos. Apesar disso, o básico do jive é bem controlado e se dá em grupos de seis passos, que são fáceis de aprender e dominar. Uma dupla dançando jive apresenta grande agilidade, mas a dança não tem passos acrobáticos. É um ritmo cheio de dinamismo, alegria e muita técnica. Depois que o estilo jive chegou no Brasil, acabou integrando também outros estilos e passos, sobretudo de danças latinas, o que o fez atenuar um pouco da forma tradicional americana.

Rockabilly: Nada mais é que uma vertente musical típica dos anos 50, com influência principalmente do hillbilly, do country e do rhythm& blues. Entre os principais músicos estão: Jerry Lee Lewis, Carl Perkins, Elvis Presley, Buddy Holly, Gene Vincent, Wanda Jackson, Eddie Cochran e Johnny Burnette. Muitas pessoas ainda confundem a dança jive rock com rockabilly. Na verdade, quando falam de dançar rockabilly, estão se referindo ao jive rock adaptado à cultura brasileira e ritmos latinos. Mais recentemente surgiu o Rockabilly Revival, com Robert Gordon, The Polecats, Crazy Cavan. Há ainda o Neo Rockabilly, representado pelo grupo Stray Cats, que marca outro período na transição das décadas de 80 e 90 e que possui como referências as bandas Matchbox, Restless, Deltas, Long Tall Texans, Guana Batz, entre outros. Uma dança que também revolucionou dentro e fora desse estilo foi o TWIST DANCE.

O TWIST DANCE:

O rítmo twist foi uma dança inspirada pelas músicas do rock and roll que se desenvolveu no final dos anos 50 até o início dos anos de 1960. A partir de 1960, o “Twist” ficou extremamente conhecido, sendo introduzida em vários países. Logo no começo da década, se tornou a primeira dança considerada como “mania mundial”, aproveitando toda sua grande popularidade, principalmente entre o público jovem, ao mesmo tempo que era alvo de pesadas críticas da sociedade tradicional, que acreditava que aquela dança era demasiadamente sensual e sexualmente provocante. Vindo do rock and roll, o twist, por sua vez, foi responsável por inspirar a criação de muitos outros estilos de dança, como o jerk, o watusi e o monkey. O nome vem da música de Chubby Checker chamada “The Twist”, que era um cover de Hank Ballard & The Midnighters.
A inspiração original do termo twist veio de uma dança afro-americana chamada "wringin and twistin”, que se tem notícia desde os anos 1890. Porém, sua origem estética vem dos movimentos pélvicos e passos aleatórios, herdados do oeste africano. Durante todo o século XX, a dança se desenvolveu, até alcançar uma audiência em massa nos anos 1960. O uso do termo twist, veio do século XIX, onde, segundo historiadores, os movimentos pélvicos, chegou aos Estados Unidos vindo do Congo, trazida por escravos. Um dos primeiros grandes cantores dessa época, daquilo que viria a ser o twist, era Joel Sweeney, que se tornou bastante conhecido com uma música chamada “Vine Shaquille Twist”. Sweeney havia aprendido a tocar banjo com os escravos que trabalhavam no estado da Virginia. O termo “Twist” era utilizado muito antes dos anos 60, sendo que essa expressão foi usada para se referir a dançar no século XIX. O instrumental “Grape Vine Twist” foi composto por Joel Walker Sweeney em 1840. Uma dança popular nesse período foi “Mess Around”, que inspirou a música “Messin’ Around” de Perry Bradford de 1912. O termo é mencionado em: “Now anybody can learn the knack, put your hands on your hips and bend your back; stand in one spot nice and tight, and twist around, twist around with all of your might…“
A expressão “Twist” foi desde então, usada em diversas gravações, associada com danças. Um exemplo notável é a letra da música “Winin’ Boy Blues” de Jelly Roll Morton de 1939: “Mama, mama, look at sis, she’s out on the leeve doing the double twist…“A gravação de 1953 “Let The Boogie Woogie Roll” de The Drifters contém o trecho: “When she looked at me her eyes just shined like gold, and when she did the twist she bopped me to my soul“
Apesar de toda a história por trás dos primórdios do twist, os passos e estilo simples que conhecemos hoje, veio mesmo com Chubby Checker, num sábado, 6 de Agosto de 1960, durante sua apresentação no programa de TV Dick Clark Show, que era um programa em que contava com um público sentado. Dirk Clark era conhecido por apresentar ao povo americano novos talentos da música, e deu uma chance ao Chubby Checker depois de ouvir alguns ótimos covers que ele fazia como músico amador. Depois da apresentação de Checker, a gravadora Cameo/Parkway correu para gravar o cover de “The Twist”, do jovem Chubby Checker. A gravação foi lançada no mesmo ano, e a música logo alcançou o topo das paradas nos Estados Unidos por quase três anos seguidos. A versão de Chubby Checker da música “The Twist” iniciou a popularidade da dança. Checker contribuiu para o desenvolvimento desse estilo com suas músicas temáticas e apresentações ao vivo. Assim, foi considerado o “rei do Twist”.
Ao longo dos anos, vários artistas se inspiraram em gravar músicas para acompanhar essa dança. Exemplos incluem: “Let’s Twist Again”, “Twist and Shout”, “Twistin’ Postman”, “Twist-Her” e outros. No Brasil, a música “The Twist” ficou em 15° lugar na parada de sucesso em 1961. A composição “Let’s Twist Again” ficou em 3ª posição em 1962. Os contribuidores desse estilo no país foram: O Conjunto Alvorada com “Lição de Twist” e The Clevers com “Twistin’ Twist”, ambas adaptações da composição de Teddy Martin da década de 60.
Os filmes dos anos 60 também mencionaram a dança. O estilo foi um tema essencial nos filmes: “Twist Around The Clock” (Título no Brasil: “Dançando o Twist”) e “Don’t Knock The Twist” (“Ao Ritmo do Twist”). O filme grego “O Kyrios Pterarhos” (“Mr. Wing Commander”) incluiu uma cena em que os atores dançavam ao ritmo de “Let’s Go Twist”, uma gravação de 1963.
Várias outras danças derivaram do “Twist”, como: The Mashed Potato, The Watusi e muitas outras. Porém nenhuma foi tão popular quanto a original.
O “Twist” evoluiu ao longo dos anos até se tornar a dança simples que conhecemos. No final da década de 50, jovens dançavam o que mais tarde seria popularizado nos anos 60. O artista Hank Ballard observou os jovens dançando esse estilo e se inspirou para escrever uma música. O resultado foi “The Twist”, gravada por Ballard e suas banda The Midnighters, em 1959. A composição foi inspirada na composição “Is Your Love For Real?” que por sua vez, foi adaptada da gravação de 1955 de The Drifters: “What ‘Cha Gonna Do?”
Ballard e os Midnighters também tentaram popularizar o “Twist”, se apresentando em shows locais. Porém a dança realizada pelo grupo era mais difícil e apenas ficou popular na Filadélfia e em Baltimore, tornando-se um sucesso nacional.
A versão original foi lançada pela King Records, acompanhada de “Teardrops On Your Letter”. Em Baltimore, o DJ Buddy Deane decidiu incluir a música em seu programa de TV “The Buddy Deane Show”. Assim, a reação dos jovens foi positiva e Deane apresentou a música a Dick Clark, que era apresentador do programa “American Bandstand”. Clark tentou reservar Ballard para se apresentar no programa, porém estava indisponível. O resultado foi uma parceria com a Cameo/Parkway, que foi responsável pela gravação da versão de Chubby Checker da composição “The Twist”.
Checker apresentou sua adaptação pela primeira vez em 1960, no Rainbow Club. Porém foi a famosa performance no “American Bandstand”, que popularizou a música. Além disso, também foi feita uma apresentação no programa “The Dick Clark Saturday Night Show”. Como resultado, “The Twist” alcançou o topo das paradas de sucesso.
Outro fator para a popularidade do “Twist” é que a dança de Checker era mais fácil do que a original de Ballard, que incluía passos diferentes. Ambos adultos e crianças podiam dançar a versão modificada que fazia sucesso.
Quando se dançava o Twist, os participantes não se tocavam. Esse foi o marco inicial para uma nova tendência, que ocorreu especialmente com a dança Disco.
Em 1960, a adaptação de Checker permaneceu em primeiro lugar nas paradas, enquanto a gravação original de Ballard e os Midnighters alcançou a vigésima oitava posição no ranking. Na França, uma versão foi gravada pelo grupo Les Chaussettes Noires.Esse estilo ficou extremamente famoso a partir dos anos 60, sendo que atingiu a maior popularidade em 1961.
Essas são algumas músicas que foram inspiradas pela dança “Twist”:
“Twistin’ U.S.A” foi gravada por Danny and The Juniors e ficou em vigésimo sétimo lugar na parada de sucesso. Mais tarde, a música seria regravada por Chubby Checker na gravadora Parkway.
“Let’s Twist Again” foi um sucesso de Chubby Checker, composta como uma continuação de sua gravação de 1960. Foi lançada em 1961 e foi uma das músicas que mais tocaram no Brasil em 1962.
“Twistin’ The Twist” foi originalmente gravada por Teddy Martin and the Las Vegas Twisters em 1961.No mesmo ano, a música foi adaptada para o francês como “Leçon de Twist”. Vários artistas regravaram a composição como: Richard Anthony, Dalida, Les Dangers e outros. No Brasil, a música foi interpretada pelo Conjunto Alvorada em 1962 e The Clevers em 1964.
“Twist And Shout” foi escrita por Phil Medley e Bert Berns e primeiramente gravada pela banda The Top Notes em 1961, originalmente sob o título “Shake It Up Baby”. A gravação original não apresentava a mesma energia e entusiasmo que os Top Notes tinham mostrado em seus shows ao vivo. Além disso, Berns sentiu que Phil Spector arruinou a música. Spector produziu a faixa na Atlantic Records, porém Berns não aprovou o resultado e decidiu mostrar o som que queria. A versão original foi lançada pela Atlantic, acompanhada de “Always Late”. Quando o grupo The Isley Brothers quis regravar a composição, Berns decidiu produzir a faixa para mostrar a Spector como ele pretendia que a gravação fosse feita. A versão dos Isley Brothers foi lançada em 1962 e foi a primeira versão famosa de “Twist And Shout”, alcançando a vigésima posição no ranking Hot 100 da Billboard. Uma gravação conhecida foi feita por The Beatles para o álbum “Please Please Me” de 1963. Nos E.U.A, a música foi lançada em 1964 pela Vee-Jay Records, vendeu 1 milhão de cópias e entrou para o ranking entre as 10 gravações mais tocadas. No Brasil, foi a faixa mais tocada em clubes de festas.
O twist é dançado com os pés a média distância. Os braços são mantidos longe do corpo, com os cotovelos dobrados. O quadril, o tronco, as pernas giram sobre os pés como um só, com os braços podendo ficar parados ou em movimento. Os pés se movem para frente e para trás, com a velocidade variando de acordo com o tempo da música. Às vezes, as pernas podem ser levantadas por conta de alguma coreografia específica, mas, geralmente, é uma dança de baixa postura, com muito contato dos pés com o chão, sem muita movimentação vertical.
Reprovada como uma dança imprópria, foi ganhando cada vez mais força. Fácil de aprender, divertida de dançar no seu ritmo característico, jovens e velhos dançavam o Twist toda noite. O Twist trouxe consigo uma nova ideia: os dançarinos não precisavam ter parceiros, as meninas não tinham que esperar quem as convidassem para dançar; toda a gente podia se juntar e dançar. No início havia figuras facilmente reconhecíveis, mas à medida que se enraizou o Twist, foram se desenvolvendo inúmeras variações até o estilo de cada um se tornar pessoal e único.

A Dança Rock & Metal da Atualidade que nasceu no Rio de Janeiro, Brasil:

Eu Rhada Naschpitz, desde cedo vivenciando a cena rock, sempre me perguntei: Por que o que se conhece como dança rock ficou associado só aos estilos das décadas de 50/60, como Rockabilly, Jive Rock, Twist dance… E depois não se desenvolveram novos estilos de dança já que o gênero musical em si possibilitou o surgimento de novos “subgêneros”, estilos de rock and roll? Por que estilos como o heavy metal, hard rock, prog… Assim como o Rockabilly, não poderiam ser dançados? Foi perante as várias perguntas sem respostas, que eu como rocker e depois profissional de dança, resolvi dançar o rock/metal de forma mais contemporânea, sem excluir ou ignorar o que se entende por dança rock, mas trazendo seus novos elementos e expressões corporais, e estéticas da contemporaneidade de suas cenas, baseados nos “novos” estilos desse gênero musical que se tornou mundial. Resolvi dançar o rock e metal com individualidade artística mas sem ferir, distorcer ou desrespeitar a identidade cultural desse gênero, que ao meu ver deixou der ser contracultura e passou a ser uma espécie de cultura rock and roll. A minha dança com isso não poderia ser simplesmente uma manifestação corporal individualista, só baseada em técnicas de dança, teria que ter todo um conhecimento e pesquisa das características culturais do rock. Por eu já fazer parte dessa cena, ficou bem mais fácil, justamente porque já compreendia muita coisa por vivência e identificação, e já sabia que respeito a suas bases era preciso, não era fazer qualquer coisa, como vestir um personagem ou fantasia de roqueira. Seria uma dança que exigiria muito mais pelas suas características culturais de identificação de um nicho específico. Então desde 1985 começou esse meu processo de desenvolvimento de uma dança rock/metal contemporânea que hoje em 2023 chamo de Rock & Metal Dance®️ do método técnico Fusion Dance Rock Style®️, onde a pesquisa maior foi na cena em si, nos nos mosh-pit, nos pubs, casas de rock, nos shows em seu público e em seus palcos… Onde se encontram de fato suas expressões corporais, estéticas, sonoras, ideológicas, simbólicas… Todas as características da identidade cultural do rock.
O estilo acabou ficando mais restrito só aqueles que se identificam com a cena e com o gênero musical rock, em uma realidade onde artista só é valorizado quanto o gringo ou a mídia comercial  bate palma. Imagina então o desenvolvimento de uma dança que a base cultural é estrangeira, mesmo que hoje em dia o gênero musical rock/metal tenha se tornado mundial e já tenhamos estilos nacionais, e a globalização tenha facilitado ainda mais a compreensão e assimilação desse gênero. Enfrentamos ainda a vira latisse que só o que é de fora presta...Precisamos entender que nós não somos menos profissionais ou capacitados, principalmente quando falamos em expressão artística, e principalmente quando tem pesquisa e estudo para desenvolvimento de um método embasado.
Essa proposta artística também não pode ser exclusivamente julgada pelo metie de dança e seus padrões técnicos de expressão corporal, pois exige um conhecimento que não se aprende em meios acadêmicos que é a vivência em uma cena específica que tem suas próprias expressões corporais, danças e várias manifestações artísticas e simbólicas típicas, uma identidade cultural específica que precisa ser entendida, pesquisada, estudada e vivida.
Foi a partir dessa referência, de uma cena cultural específica, que por vivência, pesquisa… E aí sim acrescentando um embasamento técnico em dança, que desenvolvi o método do que chamo Fusion Dance Rock Style®️, uma dança Rock & Metal contemporânea, moderna.

APRESENTAÇÃO/P R O T O C O L O

O Rock & Metal Dance- FDRS®, é um estilo e método de dança desenvolvido por Rhada Naschpitz. Esse estilo e método de dança é uma espécie de vertente da dança Contemporânea de fusão, exclusiva por ter base na Cultura Rock/Metal, ou seja, em toda a sua identidade cultural… A dança contemporânea é o alicerce técnico utilizado para trabalhar nessas bases da cena rocker, suas expressões corporais, danças, estéticas sonoras e visuais, conceitos, energia… Nesse estilo de vida, fusionando também jazz, danças urbanas, moderna… Sem sobrepor ou descaracterizar a identidade cultural base. Ou seja, não só utilizando a música rock/metal para dança e sim a dança adaptada Cultura Rocker, onde nos vários estilos e nas suas características dentro do gênero musical rock são adaptados vários estilos de danças nas suas danças e expressões corporais natas da cena, funcionando como uma “lapidação” para o meio acadêmico. Uma nova possibilidade de dança dentro dessa cultura, cena, e do universo alternativo da dança contemporânea, moderna, de fusão, possibilitando novos meios de expressão e experimentação artística sem perder o alicerce que é esse universo vasto da cena rock/metal.
Idealizado e desenvolvido por Rhada Naschpitz que tem vivência a cena rock desde 1980, e começou pesquisa e desenvolvimento desse estilo, nos bastidores, em 1985. Oficialmente reconhecido em 2005 através da Dança Contemporânea de Fusão e principalmente na cena atuando em shows com performances solo ou em bandas de rock/metal desde 1998.
Comprometimento com as características do estilo:
Diretora/ criadora : Rhada Naschpitz -DRT 57.517

Este documento serve como referência para os atuais e futuros dançarinos e professores para que tenham um comprometimento e respeito com os valores do estilo, de forma a assegurar a integridade do mesmo. Essa postura automaticamente é respeito e lealdade a identidade cultural da cena rocker, a contracultura que hoje é um tipo de cultura cujas suas características são os símbolos de resistência para que essa cena continue viva e são a base desse estilo de dança.
Missão: Propagar o estilo com comprometimento com as características básicas que são a estética visual e sonora, e toda a identidade cultural do gênero musical Rock/Metal e seus subgêneros.

Valores:
Quando vestimos a camisa de um estilo viramos um time, uma tribo, não só em relação a prática da dança em questão, mas também ao relacionamento com as propostas e bases do mesmo. Para a manutenção de suas características básicas é necessário o respeito mesmo que a liberdade criativa e interpretativa de cada um em sua propagação seja permitida e necessária. A proteção e apoio às características do FDRS®️ é de extrema importância para não descaracterizar a proposta e virar outra coisa.
Estrutura:
A Diretora e criadora do estilo/ método, já registrado, é Rhada Naschpitz, mas tem como objetivo a qualificação de novos profissionais e sua propagação.
Profissionalismo:
.Quando um profissional do estilo for procurado por promotores, representantes de eventos, festivais, shows… Ou qualquer outra pessoa interessada em contratar uma performance de FDRS®️, deixar bem claro suas características para não ser confundido com outros tipos de fusão rock que não têm comprometimento nem base na cultura Rock/Metal.
.Não nomear em divulgações como estilo FDRS®️, caso a performance não esteja dentro das características do mesmo.
Características básicas do FDRS®️ :
Estética sonora:
As performances devem ser com músicas do gênero musical Rock/Metal, que possui diversos estilos(subgêneros) como classic, metal, dark, glan, pop, blues, grunge, progressivo, psicodélico, hard, punk… Todos que fazem parte deste gênero.
. Não usar músicas onde o gênero Rock/Metal não for autêntico, original, foi adaptado ou modificado para um estilo de dança. Ex: Pink Floyd versão árabe. Existe o rock original com influência árabe, que pode ser usado, ex: Kashmir do Led Zeppelin, ou de bandas que tenham influências sonoras orientais, ou temática, Ex: Banda Myrath.
Obs: O gênero Rock/Metal é vasto de estilos e com isso também de estéticas, não falta repertório para todos os gostos e preferências artísticas.
Etética visual/ Figurino:

. Obrigatório a estética visual do Rock/Metal de acordo com o seu estilo musical. Se faz necessário a pesquisa da estética do estilo a ser dançado. O visual é uma das mais fortes características de identidade cultural da cena, de identificação entre seus membros.
. Seus acessórios no figurino também devem estar dentro da estética da cultura Rock/Metal. Só utilizar acessórios étnicos fusionados com o da cena, caso o estilo da banda ou música estejam dentro dessa temática. Ex: Não usar lenço de moedinhas em um rock ou heavy metal clássico.
. Não utilizar roupas características de outras danças. Ex: de dança do ventre mesmo que tenha a fusão de movimentos da mesma, a estética deve ser rock e não oriental. A proposta do estilo é base na cultura rock e não oriental. Não é a dança fusionada que dita a estética. Para a proposta oriental temos outros estilos. Dei esse exemplo porque é onde, por modinha, vemos sendo feito qualquer coisa sem bases e respeito a cultura rock.
Estética Coreográfica ou de Improviso:
. Obrigatório a performance conter movimentos típicos da cena Rock/Metal mesmo que também tenha outra ou outras danças fusionadas, que jamais poderão descaracterizar o estilo. Ou seja, as danças e expressões corporais da cena rocker, Ex: headbanguings, twists, windmill, entre outros da vasta expressão rocker (poderia listar mais de 50 aqui), devem ser a maior característica estética nas expressões corporais, nos movimentos desse estilo mesmo que já dentro de técnicas e sequências coreográficas de dança contemporânea, jazz, moderno… Não é a cena rocker se adaptando a dança e sim a dança se adaptando a cena rocker.
. É importante que a expressão e energia dos movimentos estejam de acordo com a música, letra, com o estilo em si. “O rock tem de correr nas veias.”
. OBJETIVO:
Capacidade de improvisação, movimentar o corpo sentindo, com o que corre nas veias, embala, flui, vibra, liberta, expressa, arrepia… Com identificação e identidade artística na essência rocker, na sua identidade cultural Rock/Metal.
Obs: É para aqueles que queiram ter identidade artística no estilo, que de fato se identifiquem, pois está vinculado a um estilo de vida, não é apenas dançar uma música rock. Visa principalmente atuação na cena rock/metal (Shows, Bandas, Eventos).
Conclusão:
Não há mistério nem dificuldade de manter e passar a diante as características básicas dessa Dança Rock & Metal do método Fusion Dance Rock Style®️ conhecendo, entendendo, estudando e vivenciando a cultura rock, o respeito e o comprometimento são automáticos de quem de fato se identifica.
IT´S ROCK & METAL DANCE BABY !!!

Resumo sobre a autora do método e estilo:
Profissional de Educação Física, com especialização em musculação/pilates, começou seu envolvimento com danças em 1980. Iniciou seus estudos com a dança contemporânea e jazz, depois danças urbanas e danças étnicas com ênfase nas danças ciganas. Sua vivência na cena Rock desde 1980, já dançando rock com base em dança contemporânea/jazz, nos bastidores desde 1985, e experiência em Dança Cigana profissional, que é fusion na essência e em suas influências, contribuiu para seu ingresso na Dança Contemporânea de Fusão em 1998, acrescentando a influência Rock/Metal, o lado marcante e peculiar de sua expressão artística onde já dançava com bandas de Rock ao vivo, ou seja, usando o rock/metal como base melódica e estética, cultural. Começou seu estilo como Dark Fusion, com a fusão Rock/Metal em 2005 (oficialmente), tornando-se a precursora do que foi chamado Rock Fusion no Brasil. Hoje seu trabalho na dança como professora, coreógrafa e dançarina profissional (DRT 57517) pode ser definido como ROCK & METAL DANCE, do método próprio de dança Fusion Dance Rock Style®️, caracterizada por enfatizar base na Cultura Rock and Metal, uma Contemporary Rock And Metal Dance, ou Rocker Dance como chama. Com base técnica de dança contemporânea e fusionando nas danças e expressões corporais, na identidade cultural da cena rocker danças urbanas, moderna, jazz...

É Diretora Artística e produtora do Festival Intenacional Gothla Brasil de Dança de Fusão Dark Arts e Rock/Metal Style, ministra aulas do seu método FDRS®️, no Teatro de Arena Elza Osborne – RJ, e no seu Home Studio Rock & Metal Dance®️ (online). Dentro também do FDRS®️ ministra workshops no Brasil e no exterior do Método Motus Cornicem-Movimentos do corvo e atualmente desenvolve a dança RockChain®️, dança inédita no mundo, com corrente. Também desenvolve desde 2012, junto com o músico e produtor Ives Pierini, o Projeto Duabus Artibus - Music and Dance Duet. Onde ambos unem suas Artes no palco com músicas próprias compostas para essa parceria. Também é dançarina oficial da Banda de rock Black Dog Brazil, mas dança também com outras bandas. É diretora do Rocker Dancers Group de FDRS®️, além de produtora de eventos de rock e dança, como o Rock & Metal Dance®️ Festival.
“Eu não comecei a fazer dança e resolvi dançar Rock/Metal, por desde sempre escutar e fazer parte da cena Rock/Metal que quis dançar o gênero, a cena, ai fui estudar dança”.
Rhada Naschpitz

Referências básicas:

.As Raízes do Rock – Florent Mazzoneli

.Rock and Roll – Uma História Social – Paul Friedandler

. Vivência e pesquisa na cena rock e sua cultura no mundo desde 1985.

 

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Entendendo a BASE cultural da Rock & Metal Dance - Fusion Dance Rock Style®.

 

ENTENDENDO SUA BASE E IDENTIDADE CULTURAL

TUDO PRECISA HAVER UMA BASE, UMA LÓGICA E UMA COMPROVAÇÃO para ser fundamentada, embasada e poder ser propagada. Não existe efeito sem causa, sem as bases você não tem como explicar, argumentar ou criar nada, esse é um processo natural da Natureza, da existência em uma diversidade de pensamentos e imaginações onde todos são diferentes por natureza e apenas criam meios para uma melhor convivência, para uma melhor vida aqui nessa passagem terrena. Num mundo de sonhos, ilusões, aparências...De artes, isso não é nada fácil. Pontos de vista diferentes, expressões diferentes não são defeitos já que todos são diferentes. Alguns têm pontos de vistas, sonhos, afinidades, gostos, valores...Parecidos e por isso começam a andar em grupos, e foi para manter a ordem entre tantas diferenças que assim nasceram povos, tribos, grupos cenas…Culturas. Aqui vou dar atenção em especial a cena rocker que é a base cultural do meu trabalho artístico em dança.

Minha dança nasceu na cena rock/metal ao qual faço parte e vivencio desde cedo e com isso acabei desenvolvendo uma maneira de dançar baseada nessa identidade cultural, em suas características, expressões corporais, símbolos, valores, aspectos estéticos visuais e sonoros, energéticos… De uma contracultura que virou um tipo de cultura, um estilo de vida. Esse estilo foi construído pelo meu ponto de vista dentro dessa cena por vivência, todo o método foi construído com as bases dessa cena, desses grupos humanos chamados rockers, headbanguers... Que também têm suas variantes, mas se agruparam por afinidades musicais, estéticas, comportamentos, valores identificações…Por isso o intuito da minha dança foi preservar as características identitárias dessa cena com muito respeito, estudo e pesquisa para fundamentar uma dança compatível com ela, uma “Dança Rocker” contemporânea, moderna, acrescentando técnicas, e fusões de movimentos de danças capazes de adaptarem-se as suas características base, estéticas... Culturais.. Como já foi dito, e utilizando-se da globalização de forma a não matar sua identidade cultural.

A diversidade cultural é uma riqueza da humanidade e assim deve ser tratada, sempre com um olhar respeitoso. Com a globalização, a internet, redes sociais..Tivemos mais ainda acesso à diversidade cultural. Conhecer e trabalhar na dança com culturas é uma oportunidade de vivenciar novas experiências e aprender algo com nosso semelhante e não apagá-lo através de uma dominação cultural específica. Este é o motivo de eu colocar lado a lado também, pontos de vista diferentes para ocidentais e orientais… E falar sobre aspectos culturais já que são culturas relativamente opostas que também se misturam. Importante: a intenção aqui não é promover um embate ou conduzir por um caminho que faça juízo de valor (para qualquer lado), mas apenas apresentar que existem formas diferentes de enxergar o mundo em que vivemos, e que precisa haver respeito por essas formas que chamamos de cultura.

Hoje em dia com a globalização a fusão de influências culturais na dança tornou-se algo inevitável, mas precisamos entender que influências têm suas culturas e que estas estão interagindo com outra ou outras culturas, e que não devem sobrepor a cultura base nata local. É nesse ponto que vem o respeito, o bom senso e principalmente o conhecimento de qual é a cultura base de uma determinada proposta artística, senão vira qualquer coisa, pois a cultura é um alicerce da comunicação e identificação humana. Como o estilo FDRS® tem a base cultural do Rock/Metal, ou seja, em um estilo musical que mesmo tendo influências da música africana (afro-americana), nasceu no ocidente, nos EUA, e também fusiona nessa dança influências de movimentos étnicos orientais … Resolvi para maior entendimento da base cultural desse estilo, falar um pouco sobre oque caracteriza uma cultura ocidental e uma oriental, já que mesmo que tenhamos algumas influências orientais, que não são a base, não significa com isso que essas vão caracterizar um estilo de dança como oriental, que é o caso do FDRS®, Então vamos em frente!

Primeiro vamos entender o que é cultura e analisar seus aspectos na cena Rock/Metal:

Cultura é um conceito amplo que representa o conjunto de tradições, crenças e costumes de determinado grupo social. Ela é repassada através da comunicação ou imitação às gerações seguintes. Dessa forma, a cultura representa o patrimônio social de um grupo sendo a soma de padrões dos comportamentos humanos e que envolve: conhecimentos, experiências, atitudes, valores, crenças, religião, língua, hierarquia, relações espaciais, noção de tempo, conceitos de universo. A cultura também pode ser definida como o comportamento por meio da aprendizagem social. Essa dinâmica faz dela uma poderosa ferramenta para a sobrevivência humana e tornou-se o foco central da antropologia desde os estudos do britânico Edward Tylor (1832-1917). Segundo ele:

"A cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro de uma determinada sociedade".

Podemos aqui perceber que a cena Rock/Metal que começou caracterizada como uma contracultura/ subcultura, hoje passou a ser considerada uma forma de cultura. Vemos na cena um conjunto de tradições, costumes e até crenças. Tem manifestações artísticas exclusivas e é repassada através da comunicação ou imitação às gerações seguintes. Representa uma espécie de patrimônio social de um grupo cheio de padrões de comportamentos que envolve: conhecimentos, experiências, atitudes, estéticas, valores, crenças, religião, língua, hierarquia, relações espaciais, noção de tempo, conceitos de vida, arte, expressão, política…E claro a música. Levando também a um comportamento por meio da aprendizagem social de seus membros, uma dinâmica que é uma poderosa ferramenta para a sobrevivência de uma cena, um grupo, um nicho.

Cultura na Sociologia:

A cultura na sociologia representa o conjunto de saberes e tradições de um povo. Estes são produzidos pela interação social entre os indivíduos de uma comunidade ou sociedade.

A partir das necessidades humanas vão sendo moldados e criados padrões e comportamentos que geram uma determinada estrutura e organização social. Novamente aqui, vemos esses aspectos na cena Rock/Metal.

Vale lembrar que nenhuma cultura deve ser considerada superior à outra. O que existe são diferenças culturais entre os diversos grupos. Ao fazer juízo de valor sobre algum aspecto externo a uma cultura, podemos estar sendo etnocêntricos. O etnocentrismo ocorre quando consideramos nossos hábitos ou condutas superiores aos de outrem e isso pode gerar preconceitos não fundamentados e também uma espécie de apropriação cultural, quando pegamos só o que nos interessa de uma determinada cultura e nomeamos como algo nosso.

7 Tipos de Cultura:

1. Cultura de Massa

A cultura de massa é o conjunto de ideias e de valores que se desenvolve tendo como ponto de partida a mesma mídia, notícia, música ou arte. Ela é transmitida sem considerar as especificidades locais ou regionais. A cultura de massa é usada para promover o consumismo entre os indivíduos, sendo um comportamento típico do capitalismo, que foi expandido de maneira drástica a partir dos séculos XIX e XX. E agora com a globalização.

A cena Rock/Metal também tem aspectos de cultura de massa. Através de mídia o gênero se espalhou no mundo inteiro, movimentou o mercado da música da moda… Hoje o mundo inteiro conhece esse gênero musical que acabou se desenvolvendo em vários países de cunho ocidental/ europeu, sem perder suas características básicas que o definem como gênero musical rock.

2. Cultura Erudita

Diferente da cultura de massa, a cultura erudita é resultado do conhecimento adquirido por meio da pesquisa e do estudo nos mais diferentes campos. Não é ofertado massivamente, está disponível a poucos e representa uma forma de diferenciação social permitida pelo acesso ao conhecimento. Como exemplos, temos: exposições artísticas, apresentações teatrais e concertos …

O Rock/Metal também gerou subgêneros que não atingiram a massa, não “explodiram” nas mídias, não viraram consumo de massa, ficaram mais restritos a nichos dentro da cena.

3. Cultura Popular

A cultura popular está intimamente relacionada com as tradições e os saberes, os quais são determinados pelo povo, por exemplo: as festas, o folclore, o artesanato, as músicas e a dança. Em oposição à cultura erudita, ela ocorre de forma espontânea e orgânica. Portanto, não está associada aos equipamentos culturais, como os museus, cinemas, bibliotecas, etc.

Aqui também podemos dizer que o gênero Rock/Metal também tem a sua cultura popular, bandas atuantes que não estão na mídia, festas, bares, shows onde nasceram muitas de suas danças, símbolos, gírias, expressões corporais, e novos estilos de “garage”, por exemplo.

4. Cultura Material

A cultura material representa o conjunto de patrimônio cultural e histórico formado por elementos concretos que ao longo de tempo foram construídos pelo ser humano. Como exemplos de cultura material temos os elementos arquitetônicos (igrejas, museus, bibliotecas) e os objetos de uso pessoal e coletivo (obras de arte, utensílios, vestimenta).

Na cena Rock/Metal vemos muitas casas especializadas seja em shows, vestuários, equipamentos musicais específicos, suvenires de bandas, quadros, posters, revistas, eventos. A cena tem uma forte cultura material inclusive extremamente explorada pelo mercado de consumo.

5. Cultura Imaterial

Diferente da cultura material, a cultura imaterial é formada pelos elementos intangíveis. Ela representa o conjunto de saberes, tradições, técnicas, hábitos, comportamentos, costumes e modos de fazer de um determinado grupo. Considerada um patrimônio cultural transmitido entre gerações, temos como exemplos as lendas folclóricas, as feiras populares, os rituais, as danças, a culinária, músicas, as expressões e gírias, etc.

Aqui é um aspecto também muito importante, existem expressões corporais e danças, gírias, comportamentos, costumes… Que só conhecem e entendem quem de fato vivência a cena Rock/ Metal.

6. Cultura Organizacional A cultura organizacional, também chamada de "cultura corporativa", reúne um conjunto de elementos associados aos valores, missões e comportamentos de determinada organização. Dentro do contexto da globalização e dos estudos mercadológicos, esse tipo de cultura foi criando padrões de funcionamento e operações, por exemplo, dentro de uma empresa.

Vemos isso muito em bandas famosas do metal, por exemplo. Carregam uma imagem, comportamento, estilo, visual, características exclusivas… E toda uma equipe de produção, mídia...

7. Cultura Corporal

A cultura corporal analisa o comportamento dos seres humanos em seus mais diferentes grupos. Ela reúne as práticas relacionadas ao movimento, como danças, jogos, atividades, comportamento sexual e festividades.

Na cena Rock/Metal encontramos expressões corporais típicas, danças, simbolismos, atividades e comportamentos também bem característicos.

Elementos da Cultura:

Associada aos valores materiais e espirituais, os elementos culturais são:

1. Elementos da Cultura Material

Associada aos elementos tangíveis, concretos e palpáveis construídos pelos seres humanos. Como exemplos de cultura material podemos citar as construções e os objetos: museus, igrejas, obras de arte, vestuário, utensílios, etc.

Na cena rock/metal temos objetos, vestuários, casas de show, artes...Também encontramos elementos de cultura material.

2. Elementos da Cultura Imaterial

Relacionado com os elementos intangíveis e espirituais de um grupo, a cultura imaterial representa os saberes, os modos de fazer e os valores partilhados entre os membros de uma sociedade. Como exemplos, podemos citar os rituais, as lendas, as festas, a linguagem, a culinária, etc.

Aqui também podemos perceber que a cena rock/metal também tem esses elementos, a linguagem sonora, as gírias, os mitos da cena...

Características da Cultura:

Determinada pelo conjunto de saberes, comportamentos e modos de fazer; possui um caráter simbólico; é adquirida por meio das relações sociais de um grupo; é transmitida para gerações posteriores; não é estática, sendo influenciada por novos hábitos desse grupo. Aqui é muito importante ressaltar que influência, novos hábitos não são descaracterizar as bases desse grupo e devem ser feitas por quem pertence a esses grupos e não de grupos diferentes capazes de matarem a essência e muitas vezes se apropriarem delas distorcendo tudo. É o que vemos muito nos discursos de liberdade artística, união dos povos… Propagados por culturas dominantes, visando sempre a desorganização de nichos que possam ser contra suas bases.

Podemos perceber que o que chamamos hoje de Cultura Rock se enquadra perfeitamente como características da cultura.

A Identidade Cultural:

É um conceito das áreas da sociologia e antropologia, que indica a cultura em que o indivíduo está inserido. Ou seja, a que ele compartilha com outros membros do grupo, seja tradições, crenças, preferências, dentre outros. Além disso, determinados fatores de identidade são decisivos para que um grupo faça parte de tal cultura, por exemplo, a história, o local, a raça, a etnia, o idioma e a crença religiosa. Preciso dizer que novamente a cena Rock/Metal se enquadra?

O conceito de diversidade cultural está intimamente ligado ao de identidade. Ele aponta para a variedade de culturas existentes no mundo, as quais foram surgindo pela interação desenvolvida entre os seres e o meio ambiente.

Antes de mais nada, vale lembrar que a identidade cultural é um conceito muito abordado nas últimas décadas, no entanto, ela sempre existiu. Ou seja, desde os primórdios os homens se organizavam em grupos sociais, os quais compartilhavam informações e identificações com seus membros.

Aqui podemos perceber novamente que a cena rock com seus integrantes têm uma identidade cultural forte, principalmente por compartilharem as mesmas características e informações e haver identificações entres seus membros em seus diversos estilos.

A interação social entre os seres humanos fez surgir as diversas culturas, ou seja, o conjunto de costumes e tradições de um povo os quais são transmitidas de geração em geração. O sentimento de pertencimento surge então, a partir das experiências que os seres humanos desenvolvem durante sua vida social, no entanto, e como já foi mencionado acima, o local e a história de tais civilizações são essenciais para compreender esse conceito. Assim, fica claro que existem várias identidades culturais no mundo, sobretudo no Brasil. Porém, ela pode ser vista de maneira mais macro ou micro, por exemplo, ter um sentimento associado à identidade brasileira, e ainda, um sentimento de identidade com a região (cidade) do Brasil em que viveu a maior parte da vida.

Muitos elementos simbólicos são eleitos e estão associados com a identidade de diversas nações, por exemplo, o samba com o Brasil, o tango com a Argentina, o Rock/Metal nos EUA e Inglaterra, a dança do ventre nos países árabes, dentre outros. Entretanto, é muito importante deixar claro que um brasileiro pode não se identificar com os aspectos mais relevantes e os elementos culturais associados à sua Nação, como acontece com diversos brasileiros que não gostam de futebol ou do carnaval, meu caso.

Portanto, vale lembrar que o conceito de identidade cultural é muito complexo e depende de vários fatores e experiências de vida. Ela está intimamente relacionada com o sentimento de pertencimento e identificações dos indivíduos de determinada cultura. Isso é evidente na cena rocker.

O idioma é um fator muito importante de aproximação e identificação entre os seres de determinado local. A língua influencia muito na construção da identidade cultural de um povo, uma vez que através dela nomeamos tudo o que está a nossa volta e ainda desenvolvemos a comunicação social, nossas artes, nossas músicas e com isso nossas danças. Um dos motivos que coloquei o nome do meu proposto estilo de dança no idioma no qual o rock nasceu, mesmo que agora tenhamos o rock em diversos idiomas, como em português aqui no Brasil, pois ele se tornou quase universal, o idioma inglês sempre estará mais associado as bases e também ao mercado globalizado, é lógico.

A palavra identidade está associada, historicamente, ao que algo é. Na Filosofia, a essência é a definição do que algo é, ou seja, a identidade é a definição da essência. A identidade cultural não está distante da definição de identidade, pois ela é a identificação essencial da cultura de um povo. O que um povo produz linguística, religiosa, artística, musicalmente, científica e moralmente compõe o seu conjunto de produção cultural. Esse conjunto tende a seguir certos padrões dentro de sociedades, o que cria um aspecto identitário para as culturas de determinadas sociedades. O Rock nasceu na cultura ocidental, mesmo tendo influências africanas (aculturação), por exemplo, ele nasceu no ocidente onde foi formada a sua essência e características, e ainda historicamente marcou de forma importantíssima mudanças comportamentais, sociais e políticas do Ocidente, da Europa, do capitalismo.

A identidade cultural é, justamente, esse padrão que identifica uma produção cultural a certo grupo social. Por exemplo, podemos associar certos tipos de roupas e um ritmo musical específico como a do Metal, à cultura hip hop, que surgiu nos centros urbanos a partir da década de 1980. Também identificamos algumas pinturas corporais como dos índios habitantes das aldeias indígenas brasileiras, assim como e identificamos as flautas feitas de bambu tocadas em certos ritmos com os nativos do território boliviano. A identidade cultural funciona, portanto, criando laços que ligam certos elementos a povos específicos. Novamente é nítido que não tem como negar que o rock tem sua identidade cultural independente da atual globalização.

Mais sobre:

A identidade cultural é um conjunto híbrido e maleável de elementos que formam a cultura identitária de um povo ou grupo, ou seja, que fazem com que um povo ou grupo se reconheça enquanto agrupamento cultural que se distingue dos outros. Atualmente, o maior desafio para se manter a identidade cultural dos grupos sociais é a globalização, que determina padrões culturais baseados na cultura estadunidense, que tem se tornado hegemônica no mundo. Se acham donos do mundo, infelizmente.

A importância da identidade cultural no século XXI:

O século XXI vivencia o ápice da globalização. O fenômeno da globalização começou com força na década de 1960, período da Guerra Fria (quando Estados Unidos e União Soviética disputavam a hegemonia do poder político no mundo). Com o fim da União Soviética, no final da década de 1980, o capitalismo estadunidense passou a dominar as relações comerciais e políticas. Com isso, houve uma invasão da cultura norte-americana em países da América do Sul, países africanos e países orientais. Essa invasão da cultura norte-americana como modo cultural hegemônico ocasionou uma mudança de perspectiva, que colocou o hábito cultural imposto no lugar do hábito cultural tradicional. Podemos perceber, por exemplo, que o gosto musical dos brasileiros mudou ao longo dos tempos. Se até a década de 1960 os brasileiros consumiam mais uma música brasileira de origem regional, a partir dessa década, passou-se a ouvir mais músicas estrangeiras, como rock por exemplo. Com o fenômeno da importação de filmes e programas televisivos dos Estados Unidos e, a partir dos anos 2000, com o advento da popularização da internet, a música consumida pela população brasileira sofreu uma influência norte-americana muito maior. Nada mais é que um aspecto de dominação, “vamos destruir a cultura dos outros, distorcer, apropriar… Impor a nossa”. Aí começamos a entender o perigo que hoje em dia vemos com a dita moda de FUSÃO nas artes e muita vezes com características de “apropriação cultural” que veremos adiante.



Identidade Cultural na Pós Modernidade:

Stuart Hall (1932-2014) foi um antropólogo e sociólogo jamaicano que viveu na Inglaterra. Ele é um dos grandes teóricos da cultura e, sobre a identidade cultural, escreveu diversos artigos. No entanto, sua obra que merece destaque é “A Identidade Cultural na Pós Modernidade”. Lembra-se que a pós-modernidade ou pós-modernismo é um período que tem início após a segunda guerra mundial. Para Stuart Hall, a crise de identidade surge na pós-modernidade sendo formada por indivíduos que não possuem uma identidade fixa. Mas vamos continuar no entendimento de mais conceitos para podermos falar de globalização.

Identidade Social:

Além da identidade cultural, há outro conceito utilizado na área da sociologia denominado de identidade social. Este, designa o sentimento de pertencimento a determinado grupo social e vai sendo construindo através das interações sociais que os indivíduos desenvolvem durante a vida. Interessante notar que pertencemos a diversos grupos sociais por exemplo, a família, o trabalho, a religião, a subculturas e contraculturas, como a do Rock/Metal por exemplo, que já virou uma cultura.

Relativismo Cultural:

Assim sendo, o relativismo cultural propõe o entendimento de povos e culturas diferentes através de suas próprias crenças. Ao invés de utilizar termos como “superior” ou “inferior”, o relativismo cultural busca compreender certos comportamentos de acordo com a dinâmica social daquela população.

Por conseguinte, ninguém teria direito a emitir juízos de valores sobre essas práticas e classificá-las como imorais ou amorais, certas ou erradas. Uma frase do filósofo e historiador alemão Oswald Spengler (1880-1936) resume esta ideia: Toda cultura tem seu próprio critério, no qual começa e termina sua validade. Não existe moral universal de nenhuma natureza.

SUBCULTURA:

A subcultura é aquele grupo de pessoas com crenças e comportamentos que os tornam diferentes da cultura predominante da qual também fazem parte. Um grupo vegano seria um exemplo esclarecedor do que significa subcultura, a cena dark e gothic que também têm o rock em suas identificações.

Um grupo diferente daquele que predomina em uma cultura é denominado subcultura. Muitos de seus membros aderem pelas mais diversas razões. Por exemplo, eles compartilham gostos estéticos, musicais, nutricionais ou simbólicos semelhantes. Existem grupos radicais contra a cultura dominante. No entanto, nem todos são assim. Deve-se ter em mente que o que diferencia os membros de uma subcultura daqueles que simplesmente se encontram para compartilhar certos gostos, são os símbolos e a estética que compartilham. Isso o torna diferente do resto à primeira vista. Já sei que vem logo o pensamento: rockers, headbanguers… É muito comum catalogar grupos de subculturas e ter preconceitos de todos aqueles que não são governados pelos valores, comportamentos ou roupas do grupo predominante. Os preconceitos são muito comuns quando se fala desses tipos de culturas que representam uma “minoria” na sociedade, os que de fato são.

CONTRACULTURA:

A contracultura é uma cultura de contestação que foge aos padrões tradicionais de oposição. É comportamental, intelectual e micropolítica. Teve seu auge histórico nos anos 1960. Contracultura é um movimento que teve seu auge na década de 1960, quando teve lugar um estilo de mobilização e contestação social utilizando novos meios de comunicação em massa. Jovens inovando estilos, voltando-se mais para o anti-social aos olhos das famílias mais conservadoras, com um espírito mais liberal, resumido como uma cultura underground e alternativa ou cultura marginal, focada principalmente nas transformações da consciência, dos valores e do comportamento, na busca de outros espaços e novos canais de expressão para o indivíduo e pequenas realidades do cotidiano. O movimento Hippie, que representou esse auge, embora almejasse a transformação da sociedade como um todo na mudança de atitude e no protesto político. A contracultura pode ser definida como um ideário que questiona valores centrais vigentes e instituídos na cultura ocidental. Se formos entrar a fundo na história do surgimento do Rock, novamente veremos ele como um auge da contracultura.

Como ideário, muitos consideram o existencialismo de Sartre como o marco inicial da contracultura, já na década de 1940, com seu engajamento político, defesa da liberdade, seu pessimismo pós-guerra etc. Era um movimento filosófico mais restrito, anterior ao movimento basicamente artístico e comportamental da Beat Generation, que, por sua vez, resultaria em um movimento de massa, o movimento hippie que tinha a música, principalmente o rock como característica típica desse movimento. Foi na década de 1950, que surgiu, nos Estados Unidos, um dos primeiros movimentos da contracultura: a Beat Generation (Geração Beat). Os Beats eram jovens intelectuais, principalmente artistas e escritores, que contestavam o consumismo e o otimismo do pós-guerra americano, a histeria do anticomunismo e a falta de pensamento crítico.

Na década de 1960, o mundo conheceu o principal e mais influente movimento de contracultura já existente: O movimento hippie. Os hippies se opunham radicalmente aos valores culturais considerados importantes na sociedade: o trabalho, o patriotismo e nacionalismo, a ascensão social e até mesmo a "estética padrão". O principal marco histórico da cultura "hippie" foi o "Woodstock", um grande festival ocorrido no estado de Nova Iorque em 1969, que contou com a participação de artistas de diversos estilos musicais, como o folk, o rock'n'roll e o blues, todos esses de alguma forma ligados às críticas e à contestação do movimento.

A Contracultura foi palco para a realização de grandes festivais de música, onde o rock, principalmente por meio de suas letras polêmicas funcionou como um meio de comunicação capaz de descrever boa parte dos anseios e revoltas contidas nos jovens da época. Era por meio da música e de seu ritmo eletrizante e de suas batidas fortes, que despertava na juventude os movimentos capazes de dizer muito mais que um milhão de palavras.

O Festival de Woodstock foi um marco da contracultura.

De um lado, o termo "contracultura" pode se referir ao conjunto de movimentos de rebelião da juventude que marcaram os anos 60: o movimento hippie,e o gênero musical rock, uma certa movimentação nas universidades, viagens de mochila, drogas e assim por diante. Trata-se, então, de um fenômeno datado e situado historicamente e que, embora muito próximo de nós, já faz parte do passado. De outro lado, o mesmo termo pode também se referir a alguma coisa mais geral, mais abstrata, um certo espírito, um certo modo de contestação, de enfrentamento diante da ordem vigente, de caráter profundamente radical e bastante estranho às forças mais tradicionais de oposição a esta mesma ordem dominante. Um tipo de crítica anárquica – esta parece ser a palavra-chave, que de certa maneira, “rompe com as regras do jogo” em termos de modo de se fazer oposição a uma determinada situação.

A partir de todos esses fatos, era difícil ignorar-se a contracultura como forma de contestação radical, pois rompia com praticamente todos os hábitos consagrados de pensamentos e comportamentos da cultura dominante. Surgindo inicialmente na imprensa foi ganhando espaço no sentido de lançar rótulos ou modismos, foi vital a importância dos meios de comunicação de massa para configurar a contracultura: "pela primeira vez, os sentimentos de rebeldia, insatisfação e busca que caracterizam o processo de transição para a maturidade encontram ressonância nos meios de comunicação" (Carvalho, 2002, p. 7). O que marcava a nova onda de protestos desta cultura que começava a tomar conta, principalmente, da sociedade americana era o seu caráter de não violência, por tudo que conseguiu expressar, por todo o envolvimento social que conseguiu provocar, é um fenômeno verdadeiramente cultural. Constituindo-se num dos principais veículos da nova cultura que explodia em pleno coração das sociedades industriais avançadas. O Rock faz parte dessa história.

O discurso crítico que o movimento estudantil internacional elaborou ao longo dos anos 60 visava não apenas as contradições da sociedade capitalista, mas também aquelas de uma sociedade industrial capitalista, tecnocrática, nas suas manifestações mais simples e corriqueiras. Neste período a contracultura teve seu lugar de importância, não apenas pelo poder de mobilização, mas principalmente, pela natureza de ideias que colocou em circulação, pelo modo como as veiculou e pelo espaço de intervenção crítica que abriu.

Por contracultura, podem-se entender duas representações até certo ponto diferentes, ainda que muito ligadas entre si: Finalmente, esta ruptura ideológica do establishment, a que se se convencionou chamar de contracultura, modificou inexoravelmente o modo de vida ocidental, seja na esfera social, com a gênese do Movimento pelos Direitos Civis; no âmbito musical, com o surgimento de gêneros musicais, principalmente o rock e organização de festivais; e na área política, como os infindos protestos desencadeados pela beligerância ianque. Pode-se citar ainda o movimento estudantil Maio de 68, ocorrido na França, além da Primavera de Praga, sucedida na Tchecoslováquia no mesmo ano. É difícil negar que a contracultura seja a última, pelo menos até agora, grande utopia radical de transformação social que se originou no Ocidente.

Pode-se ainda considerar muitos movimentos de massa ligados à ideia de rebelião como desenvolvimentos posteriores da contracultura, como, por exemplo, o movimento Punk. Este é visto, pelos próprios punks, como o fim do movimento Hippie. Coincidentemente ou não, a época áurea do Punk, meados dos 70's e a morte de John Lennon (1980), a qual popularizou a frase "O sonho acabou", são muito próximas. No entanto, o maior diferencial entre os punks e hippies, além do visual, é a crença na não violência gandhiana, propagada pelos hippies e negada pelos punks. Embora haja controvérsia nesta negação da não violência pelos punks, já que eles não apoiam, na totalidade de seu grupo, a violência física, mas sim uma violência contra os valores sociais através da agressividade visual (vestimentas e aparência), sonora (antimúsica) e ideológica. Ainda assim, há punks que acreditam na violência física contra grupos opostos como fascistas e nazistas. Além disso, os punks possuíam, no geral, uma maior consciência do sentido político de suas atitudes contestatórias.

Por outras fontes:

O termo contracultura foi cunhado pela imprensa norte-americana dos anos 1960. Referia-se a manifestações culturais marginais, contestadoras, que floresciam nos EUA e em outros países, especialmente na Europa, representando formas não tradicionais de oposição a cultura vigente.
Desse movimento múltiplo de contraposição que respondia à acelerada industrialização, crescimento econômico e racionalização científica no pós-guerra, surgiram importantes manifestações artísticas, como o rock, os movimentos hippie e punk, bem como a internacionalização do movimento estudantil, que culminou em manifestações concomitantes em diversos países em maio de 1968.
O movimento contracultural da década de 60 representou uma revolução comportamental nas sociedades ocidentais.

Prova mais uma vez que o ROCK é uma manifestação artística ocidental de extrema importância para as sociedades OCIDENTAIS


Os jovens ganharam as universidades, organizaram-se politicamente em movimentos estudantis e queriam mudar o mundo, além de experimentarem uma liberdade sexual maior que as gerações anteriores. Essa conjunção de mudanças em escala global, somada ao reconhecimento dos jovens e das mulheres como grupos com força social e política, ensejou, na década de 1960, o surgimento de novos movimentos sociais e políticos, como o feminismo, e os movimentos juvenis de contestação.

A globalização e o avanço da tecnologia permitiram que suas mensagens se propagassem em todo o mundo. A juventude dos anos 60 descrita abreviadamente no tópico anterior não havia experienciado os conflitos da geração de seus pais: depressão econômica e os horrores de uma guerra. Logo, viam seus pais extremamente satisfeitos com um emprego fixo, férias remuneradas, aposentadoria e não compreendiam como eles se contentavam. Também consideravam a postura dos adultos apática em relação à Guerra do Vietnã – propagada massivamente pela televisão norte-americana como uma missão civilizatória – e à expansão do capitalismo propagada pelo governo americano como uma expansão do desenvolvimento e combate ao comunismo. Nesse sentido, a contracultura teve sua gênese em um conflito geracional entre essa juventude e os seus pais, posto que ela via o capitalismo com maus olhos e queria fazer diferente de seus antecessores. A partir de universidades e integradas ao uso das tecnologias, compartilhavam ideias com seus pares em outros lugares do mundo, ansiavam por criar novos valores e ideais, bem como uma nova cultura que impedisse a sociedade de sucumbir novamente a uma aventura novamente totalitária. A rebeldia e o inconformismo direcionaram-se à burocracia dos governos, ao sistema capitalista, ao consumismo, às guerras, aos regimes ditatoriais. Apresentavam-se contra a cultura hegemônica, mas também a consumiam e a utilizavam para propagar seu ideário, em uma relação contraditória com a cultura de massa. A indústria cultural, por sua vez, passou a produzir em larga escala e oferecer para um público maior as vestimentas, músicas, livros, filmes e outros símbolos que caracterizavam a contracultura. O Rock virou febre e tudo relacionado a ele. Esse foi o método por ela utilizado para absorver e neutralizar todos os movimentos de descontentamento que se opunham ao capitalismo: simplificá-los e transformá-los em produto.

O Rock se torna um produto da sociedade ocidental capitalista.

Os adeptos da contracultura contrapunham-se à industrialização acelerada. Para eles, a base racional, pragmática e puramente técnica pela qual as sociedades ocidentais se desenvolviam era a motivadora das duas grandes guerras mundiais. Esses jovens inconformados desejavam fundar uma nova sociedade, diferente daquela que estava posta. Imbuídos de conceitos alternativos sobre o mundo, produziam sua própria cultura. Em vez do individualismo, valorizavam a ideia de uma vida em comunidade, sem hierarquia; em vez de uma dominação vertical estatal, primavam pelo diálogo e persuasão; em vez de uma produtividade exacerbada, produzir o necessário para a manutenção da vida e aproveitar o tempo de outras formas, com lazer e prazer. Em vez do cientificismo, interessavam-se pelas religiões, pela meditação, contemplação. A contracultura dos anos 60 reuniu em seu bojo muitos movimentos reivindicatórios, minorias políticas. O Movimento pelos Direitos Civis aglutinou diversos grupos culturais, transpondo os limites da esquerda tradicional político-partidária.
A rebeldia era exposta a partir do corpo, forma de se vestir, falar, comportar-se e, mesmo que não tenha gerado grandes mudanças na macropolítica, ocasionou mudanças comportamentais em escala global. A identidade rocker vem daí.

Trouxe também grandes contribuições artísticas para o mundo. Na música, destacaram-se o rock e músicos ligados ao movimento, como Jimi Hendrix, Janis Joplin e Beatles. No cinema, destacaram-se os filmes de Stanley Kubrick; nas artes plásticas, pinturas pop art; na literatura, o movimento beat. A Contracultura foi também palco para a realização de grandes festivais de música, onde o rock, principalmente por meio de suas letras polêmicas funcionou como um meio de comunicação capaz de descrever boa parte dos anseios e revoltas contidas nos jovens da época. Era por meio da música e de seu ritmo eletrizante e de suas batidas fortes, que despertava na juventude os movimentos capazes de dizer muito mais que um milhão de palavras.

O mais famoso festival, que reuniu cerca de meio milhão de pessoas, foi o Woodstock. Os hippies, na maioria adeptos do gênero musical rock, eram contrários às guerras, em especial a Guerra do Vietnã, eram anti armamentistas e antinacionalistas. Seu estilo de vida era nômade, praticavam o nudismo e pregavam a liberdade sexual, o amor livre, a não violência, a preservação ambiental. Esse modelo de comunidade espalhou-se pelo mundo e, mesmo que tenha perdido sua popularidade a partir da década de 70, é um modelo de vida em grupo que é praticado por pequenas comunidades até hoje, mesmo que não tenha mais a mesma força e propósitos do seu surgimento.

O movimento punk surgiu em Nova York, em 1974, ligado a um estilo musical dentro do gênero rock. Sua contestação era direcionada ao rock progressivo, que fazia muito sucesso comercial e era considerado pomposo pelos adeptos desse movimento underground. Também era crítico ao movimento hippie. Nos EUA a banda que mais se destacou foi Ramones.
Espalhou-se pelo mundo e, no Reino Unido, caracterizou-se pela contestação política ao governo e pela influência de ideais anarquistas e socialistas. Teve como principais representantes as bandas The Clash e Sex Pistols. Diferentemente do movimento hippie, o movimento punk tinha como lemas a individualidade e a independência. A frase característica era o “faça você mesmo”, que impulsionou o surgimento de gravadoras independentes e até de design e moda artesanais para os músicos e fãs. Mostrando que essas cenas criaram sua identidade visual, ideológica, sonora…
Nunca foi só vestir preto… Esse gênero também abarcou artistas independentes da literatura e do cinema. Na música, abriu espaço para as mulheres, que chegaram a liderar bandas. A marca registrada do movimento punk é o moicano, inspirado no visual de índios norte-americanos. No Brasil, a cena punk desenvolveu-se principalmente em Subúrbios. O cenário musical punk abriu espaço para as mulheres, como o exemplo da banda britânica The Slits. A revolução cultural capitaneada pelos Estados Unidos e que ganhou contornos mundiais ocorreu em um momento histórico em que o Brasil vivia sob uma ditadura militar. Especialmente a partir da promulgação do Ato Institucional nº 5, a perseguição a opositores políticos e a censura à imprensa e à classe artística intensificaram-se.

Durante a década de 60, o Brasil vivia um período de efervescência cultural, com sua musicalidade expressa na bossa nova, por exemplo, sendo apreciada em todo o mundo. Também experimentava efervescência política com um movimento estudantil forte. Havia inclusive festivais nacionais do cancioneiro popular promovidos em ligação com os movimentos estudantis.
A repressão e a censura praticadas durante a ditadura militar desaceleraram esse processo, mas não impediram que manifestações de contracultura se desenvolvessem. Embora a Jovem Guarda tenha trazido o rock para o Brasil, o movimento artístico que mais se aproximou da proposta contestadora da contracultura norte-americana foi a Tropicália. Banda Novos Baianos, representante do movimento contra cultural brasileiro da década de 70.
Grupos como o Novos Baianos e Mutantes misturaram o rock com ritmos brasileiros e uma estética inovadora, rebelde e irreverente para apresentar uma reivindicação de liberdade sobre o que dizer e cantar, além de uma mensagem crítica aos meios de comunicação de massa... Esse movimento legou ao Brasil artistas que se tornariam consagrados, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, Moraes Moreira, Baby do Brasil e Gal Costa. O cinema novo, cujo principal expoente foi Glauber Rocha, também é um exemplo brasileiro de contracultura, bem como a banda experimentalista Secos & Molhados, liderada por Ney Matogrosso na década de 70.

Contracultura, em termos gerais, é uma postura radicalmente crítica à cultura vigente. Nessa concepção abrangente, de uma contestação não convencional à cultura hegemônica, ela aparece de tempos em tempos vinculada à crítica social. Quando isso acontece – ainda que inicialmente seja revigorante e que o choque de ideias e comportamentos possa gerar mudanças, novos paradigmas de pensamento e padrões de conduta –, à medida que ela cresce, é assimilada pela indústria cultural, que esvazia seu componente crítico e a transforma em mercadoria. Por outro lado, essa mesma indústria é o meio pelo qual movimentos contraculturais conseguem amplificar o alcance de suas ideias. Assim, desde o maior e mais importante movimento histórico de contracultura dos anos 60 até os movimentos contestadores que surgem hoje, há uma relação de ambivalência com os meios de produção e circulação da cultura de massas.

Diferenças entre contracultura e subcultura:

Contracultura: A contracultura se opõe aos valores, opiniões e pensamentos que predominam na sociedade. Os integrantes da contracultura se sentem insatisfeitos e se manifestam.

Subcultura: A subcultura aceita certas opiniões, normas e valores da cultura dominante. Em certas ocasiões, não é tão oposta como a contracultura em geral. Essa palavra geralmente é associada a grupos com membros jovens que têm interesses em comum. Porém, a subcultura não tem idade, pois é válida para qualquer faixa etária. Eles compartilham símbolos distintos, bem como ideias e comportamentos. Gostos musicais, nutricionais ou estéticos são motivos para a criação de subculturas.

Como vimos anteriormente, a subcultura pode ocorrer de forma mais radical, tornando-se semelhante à contracultura ou de forma pacífica sem entrar em confronto com a cultura atual. Existem numerosos exemplos da subcultura. Por exemplo, rappers que têm um gosto comum por este gênero musical e também compartilham símbolos e trajes característicos. Outro exemplo seria a subcultura gótica associada ao gênero musical dark, gothic,rock. Eles costumam usar maquiagem semelhante, destacando seus rostos pálidos e usando preto na maioria de suas roupas.

ENTÃO:

A cultura abrange tudo aquilo que pode ser aprendido e ensinado, logo está presente em todos os nossos processos de interação, seja com as pessoas, seja com o ambiente que nos rodeia. Se é aprendida, ela não é natural, nós não nascemos com ela, mas a internalizamos conforme vivemos em sociedade. Ela é produzida e reproduzida, nós a aprendemos e também a modificamos, pois ela não é estática. Desde a linguagem, as ideias, a escrita, as artes, as crenças, o modo de nos relacionarmos com o nascimento, o crescimento e a morte, até a maneira de realizar as atividades mais básicas do cotidiano, como trabalhar, comer, vestir-se e divertir-se, tudo que fazemos faz parte de um ambiente simbólico em que fomos ensinados e que também adaptamos e transformamos em nossa socialização. O saber, o fazer e o conviver são desenvolvidos de modo a criar padrões de comportamento. Os membros desses “grupos” ajustam se a esses padrões, mas também criam novos padrões, novas gírias, novas músicas, novas formas de dançar e interagir, modificações no realizar das atividades e no ambiente. A tecnologia, por exemplo, tem modificado profundamente o nosso dia a dia e nossos relacionamentos, isso é a cultura em movimento.

A diversidade cultural:

Representa o conjunto das distintas culturas que existem no planeta. A cultura compreende o conjunto de costumes e tradições de um povo os quais são transmitidos de geração em geração. Como elementos culturais representativos de um determinado povo destacam-se: língua, crenças, comportamentos, valores, costumes, religião, folclore, música, dança, culinária, arte, dentre outros.

O que diferencia uma cultura das outras são os elementos constitutivos, que consequentemente, compõem o conceito de identidade cultural. Isso significa que o individuo pertencente a determinado grupo se identifica com os fatores que determinam sua cultura. A diversidade cultural engloba o conjunto de culturas que existem. Esses fatores de identidade distinguem o conjunto dos elementos simbólicos presentes nas culturas e são eles que reforçam as diferenças culturais que existem entre os seres humanos. Muitos pesquisadores afirmam que o processo de globalização interfere na diversidade cultural, prejudicando os valores e organização dessas culturas. Isso porque há um intenso intercâmbio econômico e cultural entre os países, os quais muitas vezes sói buscam a homogeneidade visando até uma dominação econômica e cultural, onde o respeito as características culturais acabam não acontecendo.

A aculturação: É um conceito antropológico e sociológico que está relacionado com a fusão de elementos pertencentes a duas ou mais culturas. Ela é determinada por um processo dinâmico de mudança social e cultural que acontece pelo contato (direto ou indireto) entre grupos sociais distintos. Esses grupos são influenciados por elementos diversos, e assim, vão criando novas estruturas. Como exemplo, podemos citar a fusão entre a cultura grega e romana que gerou a cultura greco-romana.

Lembre-se que cultura é um conceito muito amplo que envolve conhecimentos, valores, costumes, modos de fazer, práticas, hábitos comportamentos e crenças de determinado povo. Ela não é estática, estando, portanto, num processo contínuo de modificação, mas existem as bases que as caracterizam.

Aculturação no Brasil

No Brasil, o conceito de aculturação pode ser exemplificado pelo encontro entre portugueses e índios no período das grandes navegações. Como sabemos, essa aculturação foi imposta. Ou seja, quando os portugueses chegaram aqui eles forçaram os indígenas a abandonarem as suas crenças. Um exemplo, é a catequização desses povos por meio dos jesuítas. Além dos portugueses, devemos lembrar que a escravidão negra foi um fator determinante para a criação da cultura brasileira tal qual conhecemos hoje. Com isso, podemos concluir que a aculturação entre essas três culturas originou a nossa: a cultura brasileira.

É fácil notar diversos elementos portugueses, indígenas e africanos que até hoje pertencem à nossa cultura. Culinária, objetos e palavras são alguns exemplos de que a aculturação ocorreu e ainda ocorre em terras brasileiras com os diversos grupos de imigrantes. Mas não é porque tivemos essas influências, que vamos deixar de ser cultura brasileira para ser cultura africana ou portuguesa. Ter influências não caracteriza a cultura como sendo da influência. O Rock teve forte influência da sonoridade africana, mas nasceu nos EUA com afro-descendentes americanos, é uma cultura americana, ocidental e não africana. O Rock and Roll surgiu nos Subúrbios dos E.U.A no final dos anos 40 e início da década de 50. Suas origens imediatas são uma mistura entre vários gêneros musicais da cultura negra, entre outras influências locais como o country e o jazz. Todas influências foram combinadas, e nasceu esse gênero musical chamado Rock Americano.

Aculturação e Globalização

Atualmente a globalização é um processo que tem proporcionado maior interação entre diversos povos do mundo. Junto a isso, podemos mencionar o avanço tecnológico o qual tem facilitado a quebra de barreiras entre os diversos grupos sociais. Na era da comunicação mediada pela velocidade das informações, as pessoas têm incorporado alguns elementos culturais e sociais advindos de outros grupos. Se por um lado a “globalização cultural” potencializa a perda da identidade cultural, por outro, ela diminui a xenofobia entre os povos do mundo, pois com toda interação diferenças culturais sempre vão existir principalmente no que se entende por oriente e ocidente.

Há muitas diferenças comportamentais entre os que nascem e vivem no Oriente comparados aos que vivem no Ocidente. Esses dois lugares opostos apresentam diferentes culturas, valores, maneiras de se expressar e trabalhar, de viver… A divisão entre "Oriente" e "Ocidente" é um produto da história cultural europeia e da distinção entre a cristandade europeia e as culturas além dela, no Oriente. Com a colonização europeia da América, a distinção Ocidente/Oriente tornou-se global. O conceito de uma esfera oriental, "índia" (Índias) ou "Oriental" foi enfatizado por ideias de racistas, bem como por diferenças religiosas e culturais. Tais distinções foram articuladas pelos ocidentais na tradição acadêmica conhecida como orientalismo e indologia. Um fato intrigante a ser observado é que o orientalismo foi o único conceito ocidental sobre um mundo oriental unificado que abrangia toda a Ásia e não sobre qualquer região específica.

A principal diferença entre a cultura oriental e a cultura ocidental é que a cultura oriental é um tanto conservadora, mais tradicional, tem normas e valores típicos, tem seguidores de várias religiões e é intransigente à mudança de cultura, e respeitosa a tradições. Enquanto a cultura ocidental é uma cultura aberta que tem um significado amplo, moderno e adotado na época, desenvolveu e evoluiu sua cultura, em sentido amplo e mudou ao longo do tempo. É vista como moderna, praticando algumas religiões, e não tão comprometida com as tradições típicas. A cultura oriental é baseada no estilo de liderança autoritário, enquanto a cultura ocidental segue principalmente o estilo de liderança afiliativo. A cultura oriental é um tanto informal; por outro lado, a cultura ocidental é formal em muitos aspectos. As pessoas na cultura oriental são mais propensas a estar em grupos, tomar decisões consultando os outros, enquanto as pessoas na cultura ocidental são mais individualistas e tomam decisões por si mesmas. A cultura oriental respeita os idosos e cuida deles na velhice, enquanto a cultura ocidental não dá muita importância aos mais velhos, pois muitas vezes até discriminam na vida social, uma das causas da febre estética anti-idade devido a padrões de beleza onde a velhice é feia. O estilo educacional da cultura oriental é muito voltada para o trabalho, e baseado na “luta” diária, a criatividade também existe, mas não é a base; por outro lado, a educação ocidental é mais baseada na criatividade e é mais conceitual. A cultura oriental é hierárquica, menos individualista, geralmente em sistemas familiares e grupais é interdependente; do outro lado da moeda, a cultura ocidental é baseada na igualdade, mesmo que camuflada muitas vezes por um autoritarismo.. A cultura oriental é geralmente vista como compartilhar e ajudar, enquanto a cultura ocidental sempre tendeu a ser mais egoísta a esse respeito, é mais individualista, independente. Os povos da cultura oriental não expressam comumente a raiva, do outro lado da moeda, os povos da cultura ocidental são expressivos na medida em que expressam sua raiva diretamente. A cultura oriental é orientada para o silêncio em muitos aspectos, enquanto a cultura ocidental é orientada para o ruído.

A expressão mundo oriental se refere às diversas culturas ou estruturas sociais e sistemas filosóficos da Ásia; ou ao que está geograficamente a leste da Europa. A expressão geralmente não é usada fora do mundo ocidental, uma vez que abrange uma região enorme, variada, complexa e dinâmica, difícil de generalizar. Embora estes países e regiões tenham muitos aspectos comuns, historicamente eles nunca se definiram coletivamente como uma entidade única, real ou superficial. O conceito de "mundo oriental", na maioria das vezes, inclui a Ásia Central, o Extremo Oriente, o Oriente Médio (também conhecido como Oriente Próximo ou Ásia Ocidental), a Ásia Setentrional e Meridional.

O conceito de um povo asiático único é irreal e permanece devido à vinculação de que a identidade asiática é restrita apenas aos povos que vivem nas regiões sul, leste e sudeste do continente asiático. Nações que se veem como parte do mundo oriental, como os países árabes da Ásia Ocidental, Israel, Irã e seus respectivos grupos étnicos, não se identificam como "asiáticas".Outra razão pela qual uma identidade pan-asiática é imaginária é o fato de que a Ásia é o continente mais racialmente e etnicamente diverso do mundo.

As diferenças citadas aqui, encontramos também em textos, pesquisas ocidentais, com isso não podemos generalizar e fazer dessas diferenças verdades absolutas. Mas que existem diferenças expressivas e conceituais importantes, é claro que existem. Uma visão mais oriental pode ser encontrada no livro “Orientalismo” de Edward W. Said, para maiores interessados, pois minha abordagem aqui é mais voltada ao conhecimento da identidadde cultural de um estilo de dança ocidental e muito mais fácil de ser desenvolvida por eu ser dessa etnia.

RESUMINDO:

No mundo oriental predominam o Islamismo, o Hinduísmo e o Budismo como religiões principais e as culturas orientais muito tradicionais. No mundo ocidental predomina o Cristianismo e outros aspectos culturais são intensamente influenciados pelas culturas europeia e estadunidense.

Vamos focar na cultura a qual pertencemos, então, o que é cultura ocidental?

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre:

Cultura ocidental, muitas vezes referida como civilização ocidental, estilo de vida ocidental ou civilização europeia, é um termo comumente usado para se referir a um legado cultural de normas sociais, valores éticos, tradições, crenças, sistemas políticos, artefatos e tecnologias que têm alguma origem ou associação com a Europa. O termo se aplica a países cuja história tem ligações estreitas com a emigração dos habitantes de países europeus, mas que não é restrita a esta, tais como os países da América do Norte e da Austrália. A cultura ocidental é caracterizada por um conjunto de temas e tradições artísticos, filosóficos, literários e legislativos e pelo legado das civilizações Celta, Germânica, Helênica, Latina e Cristã (a partir do século IV).As três principais bases de formação para a cultura ocidental que temos hoje são, historicamente: o direito romano, a filosofia grega e a moral cristã.

Especificamente, a cultura ocidental pode implicar:

Uma influência cultural do cristianismo no pensamento, costumes e tradições éticas e morais espirituais, em torno e depois da era pós-clássica;

Influências culturais europeias relativas na arte, música, ética, folclore e tradições orais, cujos temas foram desenvolvidos pelo romantismo;

Influência cultural greco-romana clássica e renascentista na arte, filosofia, literatura, sistemas legais como direito romano e tradições, além dos efeitos sociais do período das migrações e heranças dos celtas, germânicos, eslavos e outros grupos étnicos, bem como a tradição do racionalismo em vários aspectos da vida, desenvolvido pela filosofia helenística, escolasticismo, humanismo, Revolução Científica e iluminismo.

O conceito de cultura ocidental é geralmente ligado à definição clássica do mundo ocidental. Nesta definição, a cultura ocidental é o conjunto de obras literárias, científicas, princípios políticos, artísticos e filosóficos que a distinguem de outras civilizações. Grande parte deste conjunto de tradições e conhecimentos é coletado no Cânone Ocidental. O termo tem sido aplicado a regiões cuja história é fortemente marcada pela imigração ou colonização europeia, como a América e Austrália, e não está restrito à Europa.

Algumas tendências que definem as sociedades ocidentais modernas são a existência do pluralismo político, do laicismo, da generalização da classe média, das subculturas proeminentes ou contraculturas (tais como movimentos da Nova Era, da música como o Rock), aumentando o sincretismo cultural resultante da globalização e da migração humana. A forma moderna destas sociedades é fortemente baseada na Revolução Industrial e em problemas sociais e ambientais, tais como a luta de classes e a poluição, bem como as reações a eles, tais como o sindicalismo e o ambientalismo. Originalmente, a expressão indicava as áreas da Europa tradicionalmente católicas ou protestantes. A diferença entre o Ocidente e a sua contrapartida o Oriente é mais velha: no Império Romano já havia diferença entre a parte ocidental latina e o parte oriental, dominada pelos gregos. A separação do Império Romano em uma parte Ocidental e uma parte Oriental em 395 e o cisma de 1054 também reforçaram esta diferença. Ao longo dos séculos, o Grande Cisma causou diferenças determinantes na estrutura social, nas formas dominantes, no domínio das tecnologias aplicadas e desenvolvimento econômico, na filosofia e na ética, na arquitetura, nas artes e no vestuário.

Com a expansão da religião cristã na Europa, a diferença foi levada às outras partes da Europa. Por exemplo, a Rússia e a Bulgária foram convertidas a partir de Constantinopla e fazem parte do "Oriente", enquanto os irlandeses e os neerlandeses pertencem ao Ocidente. Depois da Idade Média, o Ocidente foi caracterizado por um grande número de correntes de desenvolvimento filosófico, tais como o Renascimento, o iluminismo, o protestantismo e o humanismo.

Hoje em dia, usam-se várias definições para o Ocidente:

A definição clássica para o "Mundo Ocidental" compreende os países da Europa (por oposição a Ásia, o "mundo oriental"), e os que têm suas raízes históricas e culturais ligadas à Europa. Nesta definição se incluem, além da própria Europa, também a América e a Oceania e, em parte, também a África do Sul.

A expressão Mundo Ocidental às vezes refere-se ao grupo de países que alcançaram a hegemonia desde a segunda parte do segundo milénio. Nesta definição estão incluídos a Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Canadá (os líderes do mundo ocidental).

Durante a Guerra Fria, a expressão "Mundo Ocidental" se referia de maneira muito genérica aos países capitalistas desenvolvidos. Esta definição inclui os Estados Unidos, o Canadá, a Europa Ocidental, a Austrália, a Nova Zelândia, e também o Japão e Israel.

Definições de governos servem um alvo legal e administrativo. Às vezes, elas têm pouca relação com definições que foram apresentados acima. Por exemplo, o governo dos Países Baixos considera os imigrantes da Indonésia (uma ex-colônia holandesa) como imigrantes ocidentais.

Bom, agora que já falamos bastante de aspectos culturais, culturas… Vamos a um assunto polêmico que sempre existiu e se fortaleceu no processo de “globalização”, a questão da apropriação cultural principalmente nas artes e isso é claro inclui a dança. Mais um motivo por eu defender o respeito as bases de identidade cultural da cena “rocker” no meu trabalho de dança.

Apropiação Cultural:

Para entender o que ‘apropriação cultural’ significa precisamos, antes, compreender o significado de ‘apropriação’ e ‘cultura’ (novamente) de forma individual.

Podemos definir ‘cultura’ como sendo o conjunto de práticas, símbolos, estéticas, artes, música, dança...Valores que um grupo específico compartilha entre si. É parte essencial da constituição histórica do grupo da qual ela pertence.

Já ‘apropriação’ é o ato de tomar para si determinado elemento sem o consentimento do proprietário. Mas, então, o que seria a ‘apropriação cultural’?

Basicamente, é a ação de adotar elementos de uma cultura da qual você não faz parte. Além disso, para que a gente não fique na superfície da questão, precisamos lembrar que esta apropriação envolve uma relação de poder. Quando uma cultura, historicamente suprimida e minorizada, tem seus elementos roubados e seus sentidos apagados pela cultura que sempre a dominou.

O doutor em Ciências Sociais, antropólogo e autor do livro “Apropriação Cultural”, Rodney William, define este conceito da seguinte forma:

É uma estratégia de dominação que visa apagar a potência de grupos histórica e sistematicamente inferiorizados, esvaziando de significados todas as suas produções, como forma de promover seu genocídio simbólico.

Portanto, a apropriação desses símbolos colabora para a manutenção do racismo estrutural, preconceitos, prepotência e vaidade em nossa sociedade e para a continuidade de diversos estereótipos sobre determinadas culturas, transformando-as, amoldando-as a uma dominância que as mata.

Porque apropriar-se de uma cultura é tão problemático?

Para muitas pessoas, afirmar-se pertencente a determinado grupo é uma tarefa dolorosa. Tomemos como exemplo a população negra no Brasil. Como consequência de 300 anos de escravidão, enfrentam até hoje um sistema que reprime tudo que diz respeito à sua origem. Seus traços, costumes, crenças, etc. Os turbantes, por exemplo, são historicamente utilizados pelas culturas de matriz africana. Quando uma pessoa negra, inserida nessa realidade que reprime tudo que diz respeito à sua origem, coloca seu turbante ou suas tranças, ela está reafirmando uma ancestralidade que sempre foi obrigada a reprimir. Isto significa que ao apropriar-se determinada cultura, embranquecendo seus atores, esvazia-se de todo o significado e seu caráter político, histórico e até emocinal.

A apropriação é sobre indivíduos?

Não! Indivíduos se apropriando de uma cultura são apenas sintomas de um problema muito maior. O debate sobre apropriação cultural é sobre o sistema capitalista que, visando o lucro, transforma a cultura de um povo, de um grupo de um nicho específico em produto, mas não valoriza o povo, aqueles cuja cultura é pertencente. A apropriação cultural não é uma crítica sobre o indivíduo branco… Mas sobre uma estrutura racista, preconceituosa e de padrões culturais dominantes nocivos que apaga e silencia os demais. Precisamos concordar que falar sobre apropriação cultural não é uma tarefa simples. E, mais do que isso, é importante que tenhamos propriedade quando formos falar sobre esse tema para não debater de forma superficial.

Vamos dar exemplos:

A moda, como qualquer atividade criativa, bebe de várias fontes de inspiração; uma criação genial não surge do nada – sempre há pesquisa em torno de referências relevantes que façam sentido no contexto proposto. As coleções de grandes marcas sempre giram em torno de temas, que guiam as percepções estéticas que serão aplicadas aos produtos. Nesse grande mar de referências, não é raro que designers escolham usar elementos de diferentes culturas como forma de celebrar estes grupos. Nem sempre isso funciona bem, e pode dar muito errado, justamente pela linguagem escolhida para falar daquilo.

É quando se cruza a linha tênue entre homenagem e apropriação cultural.

Apropriação cultural nada mais é do que adotar elementos de outras culturas fora de seu contexto original, geralmente dando a elas uma interpretação eurocêntrica, os tornando adequados para serem vendidos como produto – mais um dos grandes engôdos do capitalismo. Tomar símbolos religiosos, desenhos e grafismos de determinada etnia, signos políticos e sociais de algum grupo (normalmente não-branco), e esvaziá-los de significado para transformá-los em algo puramente estético – isso definitivamente é apropriação cultural.

Não faltam casos para exemplificar esse tipo de coisa no universo da moda. Por exemplo, duas marcas internacionais importantes foram acusadas de apropriação envolvendo a cultura popular do nordeste brasileiro. Uma delas foi a italiana Prada, que em sua coleção Pre Fall 2020 lançou uma sandália de couro trançado, muito semelhante àquelas produzidas e vendidas em feiras por artesãos nordestinos. A versão grifada da sandália custava nada menos que 650 euros (na época cerca de 4 mil reais). A marca foi acusada de plágio e apropriação cultural, e cobranças de posicionamento não faltaram – muitas delas mencionando a desvalorização do trabalho do artesão, que só foi regulamentado no país como profissão em 2015.

Outra situação polêmica envolveu a marca inglesa Alexander McQueen, cuja coleção contava com peças estampadas com desenhos que lembravam muito as xilogravuras dos cordéis nordestinos. Brasileiros atentos chegaram a pedir um posicionamento de Sarah Burton, diretora criativa da marca, mas sem sucesso. É claro que os casos de apropriação cultural não ficam só no âmbito das grandes grifes de moda, mas quando acontece nestes lugares a repercussão é muito maior.

Mas então qual é a forma correta de celebrar outras culturas em produtos de moda, na arte, na dança? Bom, não existe exatamente uma fórmula – o interessante seria que os designers, artistas, dançarinos… Se guiassem pelo bom senso. Existem exemplos aqui mesmo no Brasil, de criadores que fazem isso de forma ética e respeitosa, dando valor à cultura de origem dos elementos que pretendem usar.

Não é muito difícil perfurar as barreiras da homenagem e cair na apropriação cultural. Como já mencionei, é uma questão de linguagem – a diferença passa por aí. Se há uma maneira de homenagear sem se apropriar, acredito que ela comece pelo respeito à cultura alheia, pelo entendimento dos signos e, por fim, pela valorização do trabalho e do saber popular, do grupo, da cena, da cultura usada.

Exemplos do que é apropriação cultural:

-Usar vestimentas específicas de uma cultura, grupo, cena, que geralmente carreguem significados mais complexos, como fantasias, figurinos, modinha ou em contextos opostos as suas características de identidade cultural.

-Usar certos ornamentos ou vestimentas de outras culturas, grupos, cenas, para estar na moda ou seguir a tendência sem levar em conta seus significados culturais.

-Tentar imitar padrões de beleza naturais típicas e possíveis maquiagens/ modificações corporais, visuais característicos de uma determinada cultura, como modinha, arte, estilo (ex. dreadlocks, bindis, mehndi/henna), novamente sem levar em conta seus aspectos simbólicos de uma identidade cultural.

-Pegar rituais, tradições antigas e danças típicas e transformá-las em algo sem embasamento e respeito por modismo, comércio, arte do seu jeito, ou só para que você tenha sua diversão,(exemplo: se utilizar de símbolos que carregam todo um significado de uma cultura, de forma aleatória, sem conhecimento de seus significados, como maquiagens, acessórios, músicas...).Falando da minha área de dança, vemos muitas vezes utilização de Mudras indianos em fusão de danças, totalmente fora de sua significação, roupas típicas também totalmente fora da temática, da ideologia, do simbolismo, da sonoridade musical, movimentos de danças típicas e tradicionais misturadas a um contexto totalmente oposto. Vejo “fusão rock” sem o mínimo conhecimento das características da cena, apenas usando a sonoridade do gênero em um conceito visual e estético que não tem nenhuma identificação com a cena, com a utilização só de movimentos de uma dança (ex:oriental) que não fazem parte da expressão corporal nata da cena rocker e muito menos nasceram nela, sem no mínimo fusionar características típicas da movimentação e expressão da dita fusão… Em nome de uma modinha, tendência que nasceu dentro de um metiê especifico de dança oriental e não na cena rocker. E ainda sou vista como errada por não concordar e achar falta de respeito com ambas as culturas.

-Pegar ideias e tradições religiosas/espirituais de uma cultura e começar a seguí-las para seguir uma tendência ou parecer diferente.

-Tentar agir como se você fosse expert na culinária, música ou arte de uma determinada cultura, e se considerar melhor do que as pessoas que fazem parte de tal cultura, tentando impor seus pontos de vista só porque estudou sobre, sem de fato fazer parte de, sem a mínima vivência.

-Basicamente tentar USAR a pele de uma cultura, suas vestimentas, amuletos, o que ela considera belo como uma fantasia/tendência/figurino e transformar antigas tradições em um produto de comércio ou de vaidade.

E por que isso é errado? Porque na nossa sociedade, pessoas brancas ou que não sejam de cor podem se safar por utilizar de roupas e identidades de outras culturas e isso será visto como “fofo”, “indie”, “boêmio”, “trendy”, e “exótico”, “artístico”, “da moda”, “expressão livre”, “fusão”. MAS, no momento em que uma pessoa não-branca ou de grupo rotulado, que realmente é parte daquela cultura, de uma cena, usa vestimentas de sua cultura, seus estilos estéticos, ou faz coisas específicas a sua cultura, esta pessoa será discriminada, terá de aguentar piadinhas (estereotipadas), terá de aguentar críticas ferrenhas por ser vista como “estranha”, poderá vir a sofrer xenofobia, vai ser motivo de riso. “Roqueiro é tudo viciado, maluco…, as mulheres rockers são vadias, não são femininas...”E por aí vai.

Depoimento duma pessoa autêntica: As poucas vezes que usei um shalwar kameez em público, e eu sou Paquistanesa as pessoas me olharam estranho, como se eu tivesse alguma doença. Mas se uma pessoa branca (ou até mesmo uma pessoa não-branca de cultura diferente, porque pessoas de cor também não tem direito de se apropriar de outras culturas também) usa um shalwar kameez, os outros a chamarão de exótica e bonita. Sério? Você consegue ver um problema? Eu vejo. Quer provas? Quando Selena Gomez ou Katy Perry usaram outras culturas como fantasias em seus videos clips ou algo assim, foram consideradas criativas e divertidas. Mas quando uma mulher americana com ascendência indiana e pele morena, Nina Davuluri, se tornou Miss America, rolou um grande festival racista e as pessoas diziam: “Nós não nos parecemos com isso, nós não precisamos de uma devoradora de curry aqui, saia do nosso país!” Então eu devo entender que a cultura indiana só é aceitável se Selena Gomez estiver se apropriando dela, certo? Mas não se uma verdadeira mulher indiana estiver a expressando? Outro exemplo: pessoas brancas com dreadlocks são vistas como “soft grunge” e “hippie”, mas pessoas negras com dreads são discriminadas e taxadas como sujas e preguiçosas por tê-los, mesmo que elas saibam muito melhor como cuidar de seus dreads.

O importante nessa questão é entender o fato de que somos todos diferentes. Você não precisa ser cego para a existência de outras culturas porque isso é tão ignorante quanto. Tentar ignorar diferenças culturais é apagar a identidade das pessoas. Você pode apreciar/gostar/admirar outras culturas sem tentar roubá-las, usá-las, vesti-las como fantasias. Você não nasceu naquele contexto, então conheça seus limites, você pode homenagear e não desrespeitar.

E SIM, sempre existirão aquelas pessoas que dizem "Mas meu amigo chinês não liga se !” e “Eu sou mexicano e não ligo se as pessoas ‘ mas lembre-se sempre que eles não podem falar por todas as pessoas de uma cultura, e não é somente porque ELES não se importam que outras pessoas que fazem parte dessas culturas não se importarão. Várias pessoas de cor são ameaçadas/ discriminadas/ agredidas/ fetichizadas por causa de suas próprias culturas, ENQUANTO pessoas que não são daquela cultura são taxadas de “espírito livre, “boêmias”, “singulares” e “trendy”, artistas, por imitarem a MESMA cultura, então sim, as pessoas que se opõem à apropriação cultural fazem isso baseadas em micro agressões e preconceitos que elas provavelmente vieram sofrendo durante toda sua vida e não é tarefa nossa tentar convencê-las de que elas não tem o direito a suas próprias culturas ou que as agressões que elas sofreram não deveriam significar nada. Lembrando também, que muitas vezes a existência de determinados nichos culturais é uma forma de RESISTÊNCIA, é o caso da cena rocker.

Pensem sobre isso. Algumas mulheres não se importam com o sexismo. Algumas pessoas não-brancas não se importam com piadas racistas. Alguns judeus não se importam com piadas anti-semitas. E seu amigo pode ser uma dessas pessoas. Mas isso então autoriza você a não ter respeito, nem bom senso sendo ignorante em relação a cultura, grupo, cena a qual não pertence. Caia na real, estamos em 2023. Não há desculpa para ser desinformado.

Apropriação cultural é um problema sério que pode trazer danos irreparáveis para a herança cultural de diversos povos e cenas específicas. A principal razão que leva a esses fatos a ocorrerem é a falta de conhecimento destes costumes. É o caso do uso inapropriados dos cocares indígenas em fantasias, ou representações visuais artísticas com roupas maquiagens, acessórios étnicos, quando se mistura duas ou mais culturas sem o mínimo respeito a ambas… Um dos motivos que a minha passagem como estudo e experimentação artística dentro do estilo de fuão étnica e contemporânea, Tribal Fusion não se estabeleceu, foi só uma passagem que me acrescentou muitas experiências boas mas também desconectou-me totalmente pelo meu propósito de identidade cultural da cena rocker. Percebi que apropriação muitas vezes não é algo premeditado, na realidade, ninguém faz isso com intenção de ofender outros grupos. Por isso mesmo é preciso ficar atento ao se referir a diferentes culturas, principalmente não tratando sua própria opinião como verdade absoluta sobre os demais. Esta é, infelizmente uma das grandes causadoras de problemas, por que apenas é absorvido informações de uma cultura dominante, com mídia e perpetuação de conceitos ditos como certos, padrões sem o mínimo conhecimento da cultura de outros, das diferenças, das ideologias, daquilo que os torna exclusivos, mistura-se sem bases e foi, ficou bonito, vendeu, atraiu, elevou o ego… Mesmo que muitas vezes seja um qualquer coisa beirando ao ridículo e sendo chamado como fusão ou expressão artística ou identidade artística. Vai ter aqueles que discordam, normal, somos diferentes, mas é meu ponto de vista como profissional de dança.

É justamente no fortalecimento de estereótipos culturais dominantes que a apropriação toma força. Isso aconteceu bastante com os povos da Ásia, assim como os povos africanos, cujos costumes são erroneamente interpretados até hoje. Também é a comercialização de bens que deveriam representar um certo grupo cultural ou a transformação de uma tradição cultural em um produto a ser comercializado. Exemplo, mais duas situações que envolvendo denúncias de apropriação cultural em grandes empresas:

O primeiro caso envolve a empresa Mattel e o lançamento de uma boneca Barbie como edição especial em homenagem ao dia de los muertos. A boneca que foi pensada como uma forma de homenagear esta data tão importante para o povo mexicano, acabou sendo acusada de apropriação.

Para se entender melhor, a data do dia de los muertos, o equivalente ao dia de finados, é uma festa que tem como objetivo lembrar-se dos que partiram, sendo uma das tradições mais importantes para o povo mexicano. A campanha em questão foi interpretada como uma forma de lucrar através desta tradição, que vem se tornando bastante popular ao redor do mundo, principalmente nos Estados Unidos.

Como foi explicado anteriormente, a maioria dos casos de apropriação cultural ocorre de forma não intencional, decorrente da não compreensão das tradições culturais de um povo. Houve casos em que costumes e tradições foram apagados da história e subjugada por outras, esse é o grande problema.

É importante entender assuntos como esse, principalmente em uma época em que o compartilhamento de informação e opiniões é tão acessível. Por mais destaque que este assunto tenha alcançado, é a forma como lidamos com a cultura, tanto as nossas quanto as de outros povos que irá impedir ou não que casos assim continuem a acontecer. Do ponto de vista positivo, apropriação cultural tem sido discutida e muitos entendem o que devemos ter cuidado ao observar seus hábitos. Também é importante deixar claro que, não se trata apenas de poder usar um adereço ou não, e sim de entender que cada hábito, traje ou tradição tem uma razão de existir. As vezes são por motivos triviais como o clima, mas as vezes apresentam motivos sensíveis como religião e identidade de um povo, de grupo. Ainda que você não se identifique com eles, é preciso entender como isso afeta os povos aos quais eles pertencem.

O problema acontece quando expressões culturais — como a música, a arte e a própria moda — de um grupo minoritário são adotadas por um grupo dominante e passam a ser associadas a ele; Então, esse grupo passa a ser considerado criativo, inovador e artístico, enquanto os criadores originais deixam de receber o crédito que merecem — sem falar que os elementos adotados pela cultura dominante reforçam ou se transformam em estereótipos negativos da cultura minoritária; portanto, a Apropriação Cultural intensifica o desequilíbrio que ainda existe entre os grupos que estão no poder e os que, ao longo da História, foram marginalizados. Na verdade, é justamente isso que a discussão em torno da Apropriação Cultural faz: chamar a atenção para as múltiplas formas que a cultura adota em nosso cotidiano, mesmo quando ela é influenciada por questões sociopolíticas desconhecidas por quem às propaga.

Não há problema nenhum em fazermos uso de elementos de outras culturas que admiramos ou queremos homenagear, mesmo quando não sabemos exatamente a razão de acharmos aquilo bonito. Mas isso não significa que tentar entender essas transformações seja inútil; pelo contrário: estudar os casos de Apropriação Cultural nos ajuda a conhecer ainda mais os diferentes grupos e suas relações; Ou seja, antes de incorporar algum aspecto que pertence a outra cultura, em sua dança por exemplo, se informe a respeito de seu significado e de todos os desafios que os integrantes dessa cultura tiveram e ainda têm que enfrentar na nossa sociedade. Não é uma obrigação, mas pode ajudar você a compreender melhor o lugar de todos nós no mundo e, até, por que não, ajudar você a descobrir elementos ainda mais legais daquela cultura e os incorporar à sua vida, a sua arte com mais conhecimento e respeito.

No centro do debate sobre apropriação cultural, está o limite entre apropriação cultural e apreciação. Na avaliação de Mariana Santiloni, especialista da consultoria WGSN, a apropriação indevida acontece quando os elementos apropriados não são devidamente creditados e não há espírito de colaboração e preservação. “Muitos dos exemplos infelizes de marcas em relação a apropriação cultural se deram devido a uma representação equivocada de um elemento de uma cultura que já foi ou ainda é marginalizada”, sugere.

Um dos exemplos de apropriação cultural no Brasil, que se perpetua sobretudo na época do carnaval, é o uso de identidades ou culturas como fantasias. Aquilo que muita gente pode ver como uma brincadeira festiva ou até uma homenagem, é encarado como um ato bastante ofensivo, já que acaba reduzindo um povo a uma mera caricatura. Na verdade, esse tipo de fantasias acaba traduzindo uma representação preconceituosa e estereotipada.

UM POUCO MAIS SOBRE A “GLOBALIZAÇÃO”

Visão Pós Modernismo:

Não importa quão diferentes seus membros possam ser em termo de classe, gênero ou raça, busca unificá-los numa identidade cultural única, que anula e subordina a diferença cultural disfarçada de “cultura nacional”. É a hegemonia cultural sobre nações colonizadas”.

Vemos aí o problema nato: Como? Não existe um ser humano igual ao outro.

Conceito de “Globalização”:

Processos atuantes numa escala global, que atravessa fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e organizações em novas combinações de espaço e tempo, tornando o mundo, em realidade, e em experiência, mais interconectado”. (Harley,1989, pag240, apud Hall,S., 2006, p.18)

Consequências:

. Identidades Nacionais desintegrando-se.

.Identidades Nacionais e outras “locais”, grupos, cenas, tribos...Reforçadas pela resistência à globalização como dominação.

.Identidades nacionais em declínio dando lugar a novas identidades híbridas. Os valores se perdem e se misturam.

A medida em que horizontes temporais se encurtam até o ponto em que presente é tudo que existe, temos que aprender a lidar com um sentimento avassalador de compressão de nossos mundos espaciais e temporais”.(Hall, S, 2006,pg19). Tudo que se entendia e pertencia a um grupo torna-se esmagado pela sensação de lidar com outras formas que não fazem parte de seu universo. Os lugares permanecem fixos, é neles que temos “raízes”. Entretanto o espaço pode ser “cruzado” num piscar de olhos pela internet, “destruição do espaço através do tempo. As tecnologias nos lugares não são mais preservados a uma única cultura, nas ruas, nos shoppings...Já vemos outras culturas. Estamos assim indo em direção ao Pós- Moderno Global colocada acima até das culturas nacionais, assim as identificações “globais” começam a deslocar, transformar e algumas vezes APAGAR, as identidades nacionais. Agora você ser “descolado”, a favor de tudo e livre para fazer o que der vontade, com a vontade livre e sem limite...Mas em contrapartida existe uma enorme dificuldade de definir, delinear, dar uma linha no que pertence somente a si mesmo, de se conhecer, pois pode tudo, mesmo sem base, sem lógica ou comprovações. Se tínhamos já dificuldade de nos posicionar sendo nós mesmo perante ao mundo das aparências, imagina agora onde ela é o que de fato tem regido o mundo globalizado pela internet..

Os fluxos culturais entre nações e o consumismo global criaram possibilidades de “identidades partilhadas” como “consumidores” para os mesmos bens, “clientes” para os mesmos serviços, “públicos” para as mesmas mensagens, imagens e manifestações artísticas – ENTRE PESSOAS QUE ESTÃO BASTANTE DISTANTES UMAS DAS OUTRAS, no espaço e tempo, no sentir e expressar, na compreensão do mundo e de si mesmas, na sua identidade. Gerando a sensação enorme de solidão, sozinhos vivendo um grande faz de conta IMAGINÁRIO.

A medida que as culturas nacionais, e com isso grupos, cenas, tribos... Tornam-se mais expostas as influências externas, é difícil conservar as identidades culturais intactas ou impedir que elas se tornem enfraquecidas através do bombardeamento e da infiltração cultural.. Quanto mais a vida social se torna medida pelo mercado global de estilos, lugares, imagens, viagens, mídia… Mais as identidades se tornam desvinculadas, desalojadas de tempo, lugares, histórias tradições específicas, características ideológicas, visuais e sonoras… E parecem “flutuar livremente” no qualquer coisa serve, não têm mais raízes.

Mas ao lado da tendência em direção à homogenização global há também uma fascinação com a DIFERENÇA e com a mercantilização da etnia e da “alteridade”(reconhecimento do outro). Nasce o fascínio pelas culturas que ainda são resistentes, que muitas vezes com isso, viram vítimas vindo daí a apropriação cultural. Pois na globalização não existe igualdade, aspectos culturais dominam os outros, há sim a dominação é um jogo de poder camuflado em um discurso de igualdade, de irmãos, de união das etnias...De um mundo onde todos se respeitam. Sim seria lindo!!! Mas a natureza humana ainda está longe disso.

Consequências que colhemos com a globalização:

Vou agora falar de uma forma menos nacional e me ater mais a questão de cena, grupo, tribo, já que é meu campo de atuação e pesquisa.

Uma cena, como a cena rocker, é uma espécie de comunidade simbólica e é isso que explica seu “poder” para gerar um sentimento de identidade e lealdade. A lealdade e a identificação na era pré-moderna ou em sociedades tradicionais eram dadas às tribos, o povo, a cena, a religião, à região. Foi transferida a cultura nacional que contribuiu para padrões universais como meio dominante de comunicação, cultura homogênea, instituições culturais… Estas agora também estão sendo deslocadas para um processo de globalização (choque cultural). Nós somos seres imaginários, simbólicos, nossa identidade é formada por pensamentos, imaginações, símbolos, conceitos, ideais… Sonhos. No modo como nós entendemos e interpretamos o mundo e no modo como nós vemos as possibilidades de interação com esse mundo. Uma cena é uma espécie de comunidade imaginada e criada para compartilhar nossas maneiras de ser, de sentir, de entender o mundo com quem tem identidade parecida com a nossa. Existem 4 elementos que constroem a identidade de uma cena, sobre esse aspecto do imaginário:

1º-A NARRATIVA: Contação de histórias, literaturas, publicações em revistas… Ela dá significado à nossa monótona existência, conectando nossas vidas cotidianas com um “destino” de grupo que pré existe a nós e continua existindo após nossa morte.

2º-ELEMENTOS ESSENCIAIS IMUTÁVEIS DAQUELE GRUPO: Valores, características, jeitos, trejeitos, símbolos, gírias, modos de agir de ser. Exemplo: “jeitinho brasileiro”, cumprimentar com o maloik (símbolo do rock) na cena rocker. Traços comportamentais que são transmitidos com a convivência, vivência em um grupo, que ficam tão enraizados no nosso fisiológico, como se fossem genética (MEMÉTICA). O corpo é impregnado de memória de vivência, de resistência de expressão.

3º- ELEMENTO É INVENÇÃO DA TRADIÇÃO: Costumes que parecem serem antigos e são bastante recentes, ou até mesmo inventados para perpetuar e identificar. De origem ritual ou simbólica procuram fixar valores e normas de comportamentos através da repetição, como se fosse continuidade de um passado adequado. Novamente podemos citar o maloik, símbolo do rock, o bater cabeça (headbanging)...

4º- O MITO FUNDACIONAL: História localizando origem do grupo e de seu caráter nacional, perdendo-se num tempo mítico. Toda cultura vai ter no seu âmago como surgiu sua cena. A história do Rock and Roll está aí para provar.

Por tudo que venho citando aqui dá pra ter uma ideia que trabalhar com a cena rocker exige conhecimento, vivência, respeito e não é só se utilizar de seu gênero musical, dançar qualquer estilo com cor preta como fazem por aí.

A dialética das identidades:

Os confortos da tradição são constantemente desafiados pelo imperativo de se forjar uma nova auto interpretação baseada nas tradução cultural de outros. O diferente se torna encantador mas ameaçador para quem se identifica com determinada cultura, tentando manipular o diferente do seu jeito, uma espécie de exclusão da outra identidade em prol do seu conforto de “não estar alterando a sua”. Produz sim novas identidades manipuladoras com o argumento do “eixo comum”, “elementos de conexão” de equivalência nessa “nova” identidade, mesmo que existam divisões nela mesma.

Exemplo: O shimmy...Da dança do ventre serve para dançar rock, mas não é da cultura rock e não é um movimento das expressões corporais ou danças da cena. Ou seja, quando alguém do metiê das danças orientais tenta transformar a identidade cultural do rock com a dança oriental, impondo os movimentos típicos dessa dança, que é outra cultura, como sendo uma forma de dançar o rock, nomeando o estilo como uma dança rock bellydance, apropriação cultural é o nome, de ambas culturas. Mas virou modinha com o pretexto de fusão e liberdade de expressão artística. Seria fusão sim, respeitosa quando esse movimento e outros são feitos como fusão nas expressões corporais, nas danças da cena rock sem sobrepor sua características estéticas e valores, e quando a tématica da música, o estilo do rock, possibilita essa fusão, mas não é isso que temos visto dentro dessa onda de dançar rock com bellydance, com movimentos exclusivos dessa dança e com figurinos orientais…Ou seja é só bellydance com música rock e não uma dança rock. Ao meu ver, e com tudo que já foi explanado com embasamento aqui sobre cultura, identidade cultural, apropriação cultural...É desrespeito para os dois lados seja pra cultura rock como pra cultura oriental, mas a onda pode tudo de hoje em dia ainda vai me chamar radical, prepotente… Como já aconteceu, por eu defender respeito a identidade cultural da cena a qual faço parte desde sempre. Não sou contra fusão de movimentos da dança oriental, inclusive utilizo de forma mais desconstruída no meu estilo. Sou contra chamar de estilo rock de dança uma dança de outra cultura, outra energia, outra estética visual e sonora, de outros fundamentos e características. A fusão só é possível com respeito e conhecimento senão vira qualquer coisa e ainda distorce e propaga características erradas de uma cena que tem uma espécie de "código de autenticidade”, então, não tem como não ter valor importante na dança rock/metal atual.

Reproduzir os valores de um determinado nicho com respeito e não distorcendo e querendo alterar esses valores em nome de uma modinha galgada no vira latismo artístico, que só porquê alguém fez pode, é uma forma de contribuir para a sobrevivência dessa cena sem distorcer seus valores. Pois dentro desses grupos são eles que devem ditar sua modernização e evolução e não quem não faz parte, não vivência, não é e nem o faz de forma no mínimo embasada, com pesquisa e estudo, porque se fizesse garanto que não distorcia. Quem é tem respeito, lealdade as características identitarias da cena, que são impregnados de significados que são inclusive conceitos de resistência dessa cena. Na fusão em um trabalho artístico de dança temos que ter responsabilidade não distorcendo esses conceitos, suas manifestações estéticas sonoras e visuais, novamente exemplo: dançar rock com figurino étnico oriental fora do contexto da música, ou pegar uma música do gênero famosa e fazer montagens com instrumentos orientais para dança-la, se a música original não tem contexto oriental, novamente apropriação cultural. Também não é apenas gostar de meia dúzia de bandas famosas de rádios e só, colocar camisetas e se fantasiar de rocker e achar que já pode mudar as características dessa cultura com seus gostos particulares. É um estilo de vida uma identidade cultural que vai muita mais além de modinhas como as do Rock in Rio, ou dia internacional do rock. Eu uma vez escutei de uma figura poser, sem noção a seguinte frase: “Eu limpei o rock”, a dança do ventre deixa ele mais bonito, feminino, sensual”. Ou seja, distorceu, apropriou porque “limpou” com seus critérios de outra cultura artística, a qual também distorce usando o gênero musical rock. Ainda teve uma postura de preconceito perante ao que entende por feminino e sensual, como se mulheres rockers não tivessem condição de serem femininas e sensuais com suas danças dentro da cena. Muito pelo contrário, as mulheres do rock são femininas e sensuais sem terem que apelar para um contexto de submissão e sexualização tipo harem, como vemos ainda muito, não generalizando as dançarinas de dança do ventre, pois encontramos profissionais sérias e maravilhosas. Dei exemplo da dança oriental porque é o que temos visto mais pela modinha, mas qualquer dança ou manifestação artística que queira trabalhar com a cultura rock, ou qualquer outra, deve ter o respeito as suas características de identidade cultural. Sei que haverão aqueles que não vão concordar, mas eu não sou aquele membro de um grupo que não liga para a distorção das características do mesmo, então estou no meu direito de ter essa visão e mantê-la na minha forma de desenvolver meu trabalho na dança com a cena rock/metal.

Quando você nega as características culturais de um determinado grupo, tribo...É um genocídio cultural do mesmo. Na maioria das vezes é para criar ou adotar uma modinha para comércio ou vaidade própria. É a negação de uma cultura como forma de ser aceito dentro de seu grupo, no exemplo que dei, no grupo das danças orientais. Outro exemplo é capoeira gospel, apagando a memória de um povo e suas crenças, se favorecendo dos privilégios alheios. A apropriação cultural promove o apagamento de uma cultura, acabando com seus significados para irem desaparecendo, esvaziando seus elementos, tirando esses elementos de sua origem, transformam fora de sua essência. Nada sem base tem um fundamento certo. O que são os símbolos dentro da cultura que o criou? São antes de tudo símbolos de resistência, a representatividade dessa cultura. Criam até estigmas para tentar distorcer com achismos alheios. E a moda tenta impor novos conceitos dentro de uma cena como processo de manipulação e lucro, nem aí para a identidade cultural.

A questão toda foi um dos motivos que me levaram a desenvolver um estilo que em momento algum seja apropriação cultural ou falta de respeito as características de identidade cultural da cena rocker. Não é uma coisa fácil já que o gênero musical rock/Metal gerou uma enorme gama de subgêneros com suas estéticas visuais e sonoras específicas assim como expressões corporais, manifestações comportamentais… Acho que a dificuldade só acontece de fato no não saber a origem de um visual, movimento e seus porquês, não se interessar pela identidade cultural do outro, apenas se utilizar das aparências que é atualmente um tipo de imposição sem levar em conta os que de fato SÃO. Precisamos ter consciência da violência que permeia a apropriação, é o não levar em conta a perspectiva individual. “Quando o sistema impõe apropriação essa é a grade questão”, o que faz também os discursos de liberdade de expressão ocidental acharem isso besteira ou algo contra o desenvolvimento. É um assunto infindável, por isso agora vou simplesmente deixar claro meu ponto de vista através da minha proposta artística, ninguém é obrigado a concordar, ainda mais que é mais uma forma de expressão desse mundo material de ilusões, mas eu vivencio um nicho por identificações, sinto na pele as faltas de respeito e apropriações por conveniências e oportunismos baratos, é triste.

Se você quer homenagear, homenageie estudando e defendendo, isso é uma grande homenagem. Não há problema em você ter símbolos de outras culturas desde o momento que você não se considerar porta-voz delas sem no mínimo fazer parte, e desde que você não torne isso uma estética vazia, capitalista, consumista de se apropriar e nada dar e ainda distorcer… O problema é como se encara a alteridade, a relação com o outro.”(Leandro Karnal)

Pelo ponto de vista aqui, mostrando que a cena rocker é sim uma espécie de cultura, com sua identidade cultural característica posso dizer que são a base do meu processo de criação e pesquisa dentro da dança. Onde estabeleci os limites entre homenagem e desrespeito, sendo assim com respeito, estudando e defendendo, principalmente porque faço parte, é também minha identidade cultural e artística.

Nesse processo de desenvolvimento desse estilo com base na identidade cultural da cena rocker, estudei várias danças além daquelas já natas da cena. Tentei o reconhecimento do meu estilo dentro da cena da dança de fusão étnica e contemporânea o chamado tribal fusion através de sua vertente dark arts, o dark fusion. Percebi que estava em uma cena oposta depois de várias tentativas de reconhecimento da minha proposta, que de fato não se encaixava nas bases culturais dessa vertente e por ver manifestações de fusão rock totalmente fora das bases culturais características do nicho rock/ metal de forma desrespeitosa passando uma idéia que porque é rock pode ser qualquer coisa, que o importante é a base oriental...Foi aí que resolvi ir para um caminho exclusivo, até como defesa para não ser associada a esse tipo de fusão qualquer coisa, já que minha proposta era algo inovador a nível de conceito de dança rock e metal contemporânea, e autêntico a nível de identidade cultural da cena, nascendo o método e estilo que chamei de Fusion Dance Rock Style.

Eu Rhada Naschpitz desde que me entendo por gente e vivenciando a cena rock sempre me perguntei: Porque o que se conhece como dança rock ficou associado só aos estilos das décadas de 50/60 ,como o Jive Rock, Twist dance, Rockabilly...E depois não se desenvolveram novos estilos de dança já que o gênero musical em si possibilitou o surgimento de novos “subgêneros”, estilos de rock and roll? Porque que estilos como o heavy metal, hard rock, prog… Assim como o Rockabilly, não poderiam ser dançados? Foi perante as várias perguntas sem respostas, que eu como rocker e depois profissional de dança, resolvi dançar o rock/metal de forma mais contemporânea, sem excluir ou ignorar o que se entende por dança rock, mas trazendo novos elementos e expressões corporais e estéticas da contemporaneidade baseados nos “novos” estilos desse gênero musical que se tornou mundial. Resolvi dançar o rock/metal com individualidade artística mas sem ferir ou desrespeitar a identidade cultural, que deixou der ser só uma contracultura e passou a ser uma cultura. A minha dança com isso não poderia ser simplesmente uma manifestação corporal individualista, teria que ter todo um conhecimento e pesquisa das características culturais. Por eu já fazer parte dessa cena, ficou bem mais fácil, já que por vivência compreendia mais na pele seus valores... E respeito a suas bases era preciso, não era fazer qualquer coisa, como vestir um personagem ou fantasia de roqueira, é uma dança que exigiria muito mais pelas suas características culturais. Então desde 1985 começou esse meu processo de desenvolvimento de uma dança rock/metal contemporânea que hoje em 2023 chamo de Fusion Dance Rock Style. Aí eu me encontro no Brasil, a realidade do artista que quer fazer arte na dança e criar um estilo próprio é algo ainda visto como prepotência ou falta de capacidade, não valorizado enquanto o gringo ou a mídia comercial não bate palma. Imagina então o desenvolvimento de uma dança que a base cultural é estrangeira, mesmo que hoje em dia tenha se tornado mundial. Enfrentamos a vira latisse que só o que é de fora presta, quantos artistas nossos só conseguiram reconhecimento lá fora. Precisamos entender que nós não somos menos profissionais ou capacitados, principalmente quando falamos em expressão artística, e principalmente quando tem pesquisa e estudo para desenvolvimento de um método embasado. Mas estamos contagiados pelo copia e cola para ver quem copia melhor, do vamos sensualizar porque é o que vende, vamos fazer o discurso que todos podem para poder rebaixar aqueles que não se enquadram, vamos fingir ser para ser o que não somos só por aparências...E assim morrem as essências, as tribos, as cenas… E os que resistem são agora os conservadores, prepotentes, preconceituosos…Mas vou continuar fazendo do meu jeito, pelo menos de fato faço parte, me identifico, é natural, o mínimo.

E que sigam as diferenças mesmo sem bases e desrespeito, em nome da liberdade de expressão artística individual, cada um colhe o que planta, tem lugar para todos sejam flores ou espinhos.

Rhada Naschpitz



FONTES DE PESQUISA DESSE TEXTO:

. SAID, Edward W. Orientalismo. O Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo:2008

. URTEZA, Francis O sertão oriental-ocidental de Joaõ Guimarães Rosa, In: CHIAPPINI, Lígia; VEJMELKA, Marcel. Espaços e caminhos de João Guimarães Rosa - dimensões regionais e universalidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009

. A identidade Cultural na Pós- Modernidade – Stuart Hall

. Identidade – Por Nella Larsen

. Identidade e Diferença – A perspectiva dos estudos culturais-Stuart Hall, Kathryn Wooward

. Heavy Metal – A História Completa – Ian Christ.

.Rock and Roll – Uma História Social – Paul Friedlander

. Rock – Nos passos da moda, mídia, consumo X mercado cultural – Tupã Gomes Corrêa.

. Hiperculturalidade: Cultura e globalização Capa comum – 16 setembro 2019

Edição Português por Byung-Chul Han (Autor), Gabriel Salvi Philipson (Tradutor)

. Multiculturalismo: Diferenças culturais e práticas pedagógicas - 1 janeiro 2013

Edição Português por Luiz Paulo Moita Lopes (Autor), Stela Guedes Caputo (Autor), & 8 mais.

. Apropriação Cultural, de William, Rodney. Série Feminismos Plurais Editora Pólen Produção Editorial Ltda., 2019

. Canal do You Tube de Karin Sthahlke Rotta.

. Experiência de vida na cena rock e metal.